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domingo, 27 de abril de 2008

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER


CAPÍTULO 9 – SEÇÃO 3: “ O homem com sua queda num estado de pecado, perdeu totalmente a capacidade da vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de tal maneira que o homem natural, tornando-se totalmente indisposto no tocante àquele bem, e morto em pecado, não é capaz, por sua própria força, de converte-se nem ainda de preparar-se para isso”.

Introdução: Dado que temos visto a questão da queda do homem nós muitas vezes achamos que a doutrina da queda do homem em pecado é algo sem a menor conseqüências, ou se tem alguma conseqüência é vista com algo sem maiores catástrofes; sempre que abordo este assunto me sinto surpreendido pelos dados que as Escrituras nos fornecem para entendermos a real situação de nosso mundo, e assim, tenho me assustado em contemplar que muitos ignoram tais dados escriturísticos.
Geralmente entendemos o ensino do pecado em temos meramente do que fazemos ou deixamos de fazer, mas nunca o olhamos como devidamente deveria ser visto – transgressão à lei de Deus; e morte para o homem.
Outro problema que enfrentamos é que há grupos evangélicos que ensinam uma queda que foi apenas um tropeção de nossos primeiros pais, foi apenas um escorregão do homem – mas nada de morte!!! E assim o homem continua exercendo a sua vontade para escolher livremente o caminho para vida e o caminho para a morte, na verdade, os que assim pensam, sustentam que não existe uma doutrina como a depravação total da raça humana. E, é precisamente sobre isso que nós vamos tratar neste momento. A seção de nossa confissão nos ensina algo sobre como entender esta doutrina. O que a nossa confissão nos ensina sobre o livre-arbítrio e a queda do homem?

I – Ensina que a queda, afetou a vontade do homem tornando-a incapaz de desejar e realizar o bem espiritual.

A nossa Confissão, nesta seção, está nos ensinando que o homem é incapaz de querer o bem espiritual que acompanhe a salvação. A incapacidade da vontade do homem revela-se na sua profunda alienação pelas coisas eternas, a vontade do homem natural não cogita das coisas eternas 1 Co.2.14 ; onde o homem possui uma vontade que é livre para querer fazer o bem espiritual e salvador? Como a vontade incapacitada do homem pode produzir fé, arrependimento que são elementos necessários para uma verdadeira conversão? Nunca!!! A vontade do homem natural não se sujeita a vontade de Deus Romanos 8.7: “por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” a vontade do homem está sob o domínio do pecado e não de Deus. Ela, a vontade do homem, deseja ser inimiga de Deus constantemente.
Tudo o que o homem precisa fazer é crer, mas ele não é capaz de fazê-lo: e, essa fé deve preceder o arrependimento, mas não é possível operar isso. A Bíblia será contra nós se ensinarmos que o homem em estado de pecado, miséria e morte pode por seu “fantasioso” livre-arbítrio achegar-se a Deus. Esse ensino do livre-arbítrio é uma blasfêmia pois transforma a Bíblia ( que é a suficiente palavra de Deus ) em mentirosa.

II – A Confissão, nesta seção, nos ensina que o homem não é só incapaz de realizar o bem espiritual, mas que também é totalmente indisposto para fazê-lo.

Este é outro ponto que precisamos considerar com muito cuidado. As pessoas pensam que ainda que homem esteja morto em pecado ele é disposto para com o evangelho e busca todos os meios para conhecer a Jesus, ele vai a igreja nos domingos, ouve o sermão pregado pelo pastor, ele quer ser salvo – ele tem disposição espiritual – a ponto de ser considerado de “amigo do evangelho” (está conosco esta noite fulano de tal que ainda não é crente mas é um amigo do evangelho). Amigo do evangelho? A Bíblia me ensina que o homem é inimigo de Deus Romanos 1.18-31. Me assusta em contemplar teólogos que ensinam que o homem pode tornar-se disposto para crer em Cristo, mas a Bíblia nos ensina que o homem não disposto para a vida conforme lemos em Romanos 3.10,12: “não há quem entenda, não há quem busque a Deus ; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer” . Todos os homens, sem exceção, tanto judeus quanto gentios(os não-judeus) se extraviaram – desviaram do caminho correto – e se tornaram imprestáveis, pois, não servem para nada e o resultado disso é que são indispostos para praticar o bem não há nenhum que o faça – lembre-se que Paulo está falando no contexto de condenação universal.

III – Aqui a Confissão de Fé de Westminster nos ensina que não é somente a vontade do homem que é afetada pela queda mas toda a sua natureza espiritual também.

A queda do homem não apenas incapacitou a vontade do homem, mas também matou o homem; este é o ponto. O homem não possui livre-arbítrio exatamente porque ele é um cadáver ambulante.
Tudo que está em conexão com a morte física se aplica a morte espiritual do homem. Imagine o homem estando sob a morte constante, sem a vida que procede de Deus, como é terrível! A morte espiritual consiste no total distanciamento de Deus, ou melhor, é a ausência constante de Deus salvadoramente.
Paulo descreve essa morte em termos pertinentes: “Ele nos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, ...e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos,.”(Efésios 2.1,5). Sempre me fascinou este texto, pois, ele nos ensina mais do que imaginamos note como Paulo começa: “Ele nos deu vida...” isso descreve o estado de morte no qual todos nós – incluindo o próprio apóstolo - estávamos. Paulo não apenas nos apresenta o nosso estado, mas também apresenta a ação de Deus, soberanamente realizando uma ação, ele nos deu vida. Notem que Paulo não ensina que Deus pergunta se o homem quer ou não Ter vida – ele deu nos deu vida - qual é a nossa participação nisso? Nenhuma! Somos totalmente passivos nesta ação, nós recebemos a vida que Deus propusera em Cristo.
Onde estávamos mortos? Paulo diz que “nos nossos delitos e pecados” a palavra “delitos” no texto grego é “Paraptwma”(paraptoma) que significa: “desviar de, transgressão” e teologicamente falando significa “os resultados reais e numerosos de nossa natureza pecaminosa, bem como as múltiplas manifestações pecaminosas”. E a palavra “pecado” aqui “amartia” aponta para a deliberalidade em não se conformar com a Lei de Deus.
Onde Deus nos deu vida? O versículo 5 nos responde: “nos deu vida juntamente com Cristo...” a expressão “nos deu” é um particípio presente no grego que indica uma ação passada que tem resultados duradouros – ele de fato nos deu – o que ele nos deu? “Vida juntamente com Cristo” a expressão “vida juntamente com” no grego é um verbo “sunezwopoi,hsen” este é um verbo que está no indicativo aoristo na voz ativa, o aoristo tem o sentido de algo acontecido, e o sentido do verbo é “vivificar junto com, fazer viver juntamente com” este verbo é sinônimo da palavra “ressuscitar”, veja, Paulo está nos descrevendo que a regeneração é uma ressurreição espiritual onde a morte se desfaz e a vida se manifesta em Cristo. Por que tudo isso? Notaram que não há nenhuma participação humana? A vontade do homem não é livre para realizar a obra da redenção. Isso porque o estado de morte espiritual é gritante no homem. E que a obra de salvação pertence exclusivamente a Deus.

IV – A Confissão de Fé de nossa Igreja ensina que homem não tem força alguma nem para realizar a conversão e nem muito menos se preparar para ela.

A Bíblia nos ensina de forma inequívoca que o homem não possui livre-arbítrio porque ele não possui forças para realizar a obra da conversão e nem muito menos pode preparar-se para ela.
O homem nunca virá a cristo porque se preparou para tal. Só virá a Cristo aqueles que o pai lhe deu conforme lemos em João 6.44: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer” – não se estar falando de um sistema de apelo ( quem quer vir a Cristo ) até porque o texto nos diz que o homem “não pode” ir a Cristo. Não são alguns que não podem, o texto nos informa que ninguém. Ora, se é assim que a Bíblia trata o assunto, como insistem alguns de que o homem pode se preparar para se converter? A resposta é que eles não se submeteram à vontade de Deus revelada na Bíblia.
O verbo trouxer aqui no grego tem o sentido de arrastar. A vontade do homem é inclinada para realizar a vontade de Deus – note sempre é a vontade de Deus que está em evidência e nunca a vontade do homem. Veja Provérbios 21.1: “Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do SENHOR; este, segundo o seu querer, o inclina.”
O coração dos pecadores só respondem positivamente ao evangelho de Cristo quando eles são docemente convencidos e soberanamente trazidos por Deus à fé em Cristo.
O desejo de querer fazer o bem e realizá-lo é Deus que coloca no coração do pecador: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer( a vontade e o desejo) como o realizar ( a capacidade da vontade em efetivar as decisões)”( Fp.2.13).
Conclusão: nós vimos nesta aula que a vontade do homem é escrava: pois, é incapaz de fazer o bem, está morta e indisposta e não pode nem se preparar para a salvação. O nosso objetivo é pregar o evangelho, pois, somente Deus pode fazer o que a vontade corrompida do homem não pode.

Por João Ricardo Ferreira de França

3 comentários:

João Calvino França disse...

Este estudo está muito bom! gostei dele, quero parabenizar ao pastor djalma pela grande coloaboração à Fé Reformada.

Djalma Oliveira disse...

Gostaria de eclarecer que este estudo foi elaborado pelo irmão João Ricardo Ferreira de França (os créditos estão no fim do artigo) e que nos foi gentilmente cedido para publicar nesse blogger.
outra observação é que não sou pastor.

Também gostei do estudo, e agradeço ao irmão Ricardo, aguardo novas contribuições...

Gilcimar Cabral disse...

Olá! pessoal realmente ta muito bom o estudo. é nessas horas q fico pensando cadê o livre arbitrio? que Deus continue abençoando o nosso irmão João Ricardo. E se tiver algum dos irmãos visitantes do blog que acredita no livre-arbitrio ou se tem dúvidas. podem mandar comentários, concerteza o nosso irmão Djalma ira publicar.
abraço a todos.