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sexta-feira, 9 de maio de 2008

ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER - 2


Capítulo 9 – do Livre-arbítrio.

Seção 4: “Quando Deus converte um pecador e o translada para o estado de graça, ele o liberta de sua natural escravidão sob o pecado e, pela exclusiva instrumentalidade da graça, o capacita graciosamente a querer e a fazer aquilo que é espiritualmente bom; mas isso de tal modo que, em razão de a corrupção permanecer nele, não faz perfeitamente nem deseja somente o que é bom, senão que também deseja aquilo que é mal”.
Seção 5: “ Somente no estado de glória é que o homem será perfeita e imutavelmente livre para fazer somente o bem”.
Introdução: É comum sempre que abordarmos este assunto nos lembrarmos da visão teológica do Santo homem de Deus Agostinho que dizia, no que concerne ao livre arbítrio e o pecado , que Adão no estado em que foi criado era:
1- Capaz de pecar e não pecar.
2- Depois da queda Adão não era capaz de não deixar de pecar;
3- Depois de Cristo o homem volta ao estado de Adão ele pode pecar e pode não pecar.
4- Agostinho também disse que no estado de glória o homem será melhor que Adão, pois, ele ser incapaz de pecar.
Devemos fazer menção que esta noção de Agostinho passou a ser a visão da nossa Confissão de Fé de Westminster. Ou seja, o sistema de interpretação da queda do homem em pecado e a questão do livre-arbítrio apresentado por nossa Igreja é essencialmente agostiniano.
Mas o que nós aprendemos com a nossa confissão de Fé sobre este assunto? O que nos ensinam estas duas seções? Vejamos:

I – A nossa Confissão de Fé nos ensina que a Conversão do Pecador é uma obra de Deus e não do homem.
Este é o ponto aqui. A obra da conversão, aqui usada como sinônimo de regeneração, é exclusivamente de Deus. Uma vez que na seção anterior somos informados que o homem é incapaz de se preparar para a obra da conversão, então, o mais natural era os puritanos justificarem essa sua negação, isso eles o fizeram com respaldo bíblico dizendo que quem converte o homem é Deus.
Como se processa esta obra de conversão? A Confissão de Fé nos diz que há uma mudança radical na vida do homem e na posição no qual se encontra.
1. Ele é trasladado do estado de morte para um estado de graça.
2. Ele é libertado da escravidão natural do pecado.
Vejamos isso de forma mais detalhada: A nossa Confissão declara que Deus converte o pecador, e como isto é percebido? A confissão nos diz que Deus age de forma soberana tirando o homem de um reino para outro. O texto que descreve isso de forma clara é Colossenses 1.13: “O qual nos retirou do império das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor”. Isso é deveras interessante para nós, o grego nos traz a seguinte idéia: “O qual nos removeu do domínio das trevas e nos moveu para o reino do Filho do seu próprio amor”.
Paulo escreve este texto valendo-se de um paralelismo sinonímico antitético. O paralelismo sinonímico descreve palavras que possuem a mesma equivalência semântica – sinônimos – que são paralelas; e o termo atitético indica que são realidades contrárias, veja:
O qual nos removeu do império das trevas e,
Nos moveu para o reino do Filho do seu amor
Império e Reino são sinônimos que são contrapostos entre trevas e amor. Paulo está mostrando o que Deus fez pelos seus eleitos. Esta obra é toda dele e nada cabe a nós pecadores, o nosso “livre-arbítrio” não fez nada!
Qual o segundo aspecto aqui em nossa confissão? A resposta é que Deus nos liberta daquela escravidão natural ao pecado que tínhamos. É exatamente isso que nos lembra o texto de João 8.34,36. Jesus diz que todo o que vive na prática – no grego tem a idéia de criar – porque é importante salientar que é o que vive praticando? Porque no grego o verbo está no tempo presente que indica uma ação contínua. Quem vive de tal forma está escravizado pelo pecado. Quando Deus vem e converte o homem ele deixa de ser escravo do pecado e passa a ser escravo de Deus. A verdadeira liberdade do homem está em Cristo e não no “livre-arbítrio” (Jo.8.36).

II – Aprendemos que o meio pelo qual o homem é Convertido por Deus é unicamente a sua graça salvadora.

Qual é o instrumento que Deus usa para converter o homem de seus maus caminhos? Bem é somente a Graça Soberana , que “capacita o homem graciosamente a querer e a fazer aquilo que é espiritualmente bom...”
A vontade do homem é vivificada pela obra do Espírito Santo e é tornada capaz de querer o que é bom espiritualmente. Este é o ensino da Bíblia sagrada em Fp.2.13: “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade”. No texto grego podemos traduzir o texto da seguinte forma: “Deus é o que trabalha de forma ativa em vós a vontade e o efetuar de acordo com a vontade dEle”.
1. O desejo e a vontade são frutos da vontade de Deus.
2. O realizar ou concretizar a decisão da vontade é também fruto da vontade soberana de Deus. Não há como negar isso aqui neste texto.
Isso pressupõe que ainda somos servos ou escravos de Deus quando somos convertidos a ele Romanos 6.18,22. Nos mostra isso forma muito clara.

III – Que mesmo os que são Convertidos por Deus ainda praticam pecados contra Deus em razão dos vestígios da corrupção que ainda habita na natureza humana.

Ao sermos convertidos não significa que temos a nossa natureza aniquilada e que nasce uma nova – este é o erro do perfeccionismo que diz que como nascidos de novo não temos pecado – esse é o ponto!
Essa corrupção nos puxa para baixo para que não contemplemos a Deus da forma como ele deveria ser contemplado. Essa corrupção pode, e tem feito, fazer com que cada um de nós corrompa o culto a Deus, blasfeme de Seu nome e de Sua providência, mas por que? Por que não desejamos somente o que é bom, mas também porque ainda desejamos o que é mal para nós e para o nosso semelhante.
Gálatas 5.17 há uma luta entre a minha natureza e o Espírito de Deus que deseja me guiar, esta luta foge aos domínios de nossa vontade, pois, ora queremos satisfazer os desejos de nossa natureza corrompida por vezes queremos fazer a vontade de Deus – vivemos em constante queda. Isso nos lembra Paulo em Romanos 7.15,18,19,21,23.

IV – Aprendemos que apenas no estado de Glorificados deixaremos de pecar Contra Deus, pois, a nossa vontade será de fato inclinada a fazer somente o que é bom para com Deus.

A última verdade que aprendemos com estas duas seções da nossa Confissão de Fé é que apenas no estado de glória nós de fato deixaremos de pecar contra ele, pois, a vontade do homem regenerado será de fato perfeita e imutável para fazer e desejar o que é somente bom. Santos aqui visam o aperfeiçoamento (Ef.4.13) isso pressupõe que na eternidade isso ser de fato concretizado.
A igreja triunfante é vista desta forma (Hb.12.23).

O apóstolo João nos lembra que o nosso alvo é sermos semelhante a Cristo que não pecou e não fez nada que ofendesse a Lei de Deus (1 Jo.3.2).

Por: João Ricardo Ferreira de França

Um comentário:

Anônimo disse...

E VERDADE QUE O HOMEM TEM LIVRE ABRITIO PRA IR ATE A DEUS.