( Caros leitores , o nosso blog através deste artigo visa responder aos questionamentos do artigo: Uma refutação de Ebenezer J. Oliveira ao livro: C. H. Spurgeon. Livre arbítrio – um escravo. Ed. Pes.
Artigo este publicado no site arminianismo.com. Devido a ambos os textos serem longos, segue o link onde pode ser lido o artigo do Ebenezer .)
Artigo este publicado no site arminianismo.com. Devido a ambos os textos serem longos, segue o link onde pode ser lido o artigo do Ebenezer .)
Segue agora a "Réplica" , por Sérgio Moreira
REFUTAÇÃO AO PONTO I
“Mas não tem escopo acadêmico”. Devo lembrar que isto é um sermão e não um tratado teológico.
“Não afirma quem conseguiu provar isto”. Todos os reformados provaram o que ele afirma em seu sermão e pelo menos cita o nome de Lutero.
REFUTAÇÃO AO PONTO III
A conclusão de Spurgeon em dizer “...desafiar a doutrina da inspiração?”, deve ser entendida a luz do contexto do seu texto. Ele argumenta que Jesus não quis dizer que os homens não querem ir a Ele por opção, mas porque não querem outra coisa. Que ir contra a doutrina da graça é ir contra a inspiração divina. O que de fato é a doutrina do “livre-arbítrio”, senão que a “não-morte (Gên.2.17)” do homem é fator integrante e decisivo, ao ponto de sujeitar Deus e Sua graça. Posso até concordar que ele errou e não se expressou adequadamente, pois não se trata apenas de desafiar a inspiração, mas de desafiar o próprio Deus, e sua graça, de fato ele errou em não dizer que se trata de blasfêmia. R. K. McGregor Wright colocou como título bem apropriado de seu livro: “A Soberania banida”.
As institutas que você cita mutilando-a do seu contexto, é colocada maliciosamente contra Spurgeon, os Cânones de Dort e uma gama de outros reformados, querendo mostrar contradição e dissonância com Calvino. Fazer biblicismo gera falsa doutrina, fazer “instituticismo” é malícia e maldade. Calvino, no capítulo I do vol. I pág. 55, da edição especial, começa completando o que falta na filosofia e na religião dos homens, Sócrates postulou: “Conheci-te a ti mesmo” , e Calvino, muito verdadeiramente diz: “A soma de nossa sabedoria, a que merece o nome de verdadeira e certa, abrange estas duas parte: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos”. Portanto a doutrina do livre-arbítrio do homem é o conhecimento do homem somente, produzindo uma religião do homem, uma falsa religião, blasfemando contra Deus. De fato, Spurgeon errou.
O que foi combatido em Dort, a “Remonstrance” (Representação), era a posição oficial dos seguidores de Armínio, por isso, todos os pontos do texto foram conhecidos como Arminianismo.
Muito embora ele não defendesse todo o texto da remonstrance, porém, como você leu (o certo é, como foi lido) no livro de Sproul, Sola Gratia, Armínio atribuiu ao homem autonomia e poder de resistir a Deus, desprovido de base do conhecimento de Deus na Bíblia, que resultou no desenvolvimento da remonstrance, Armínio não é menos responsável que seus sucessores.
REFUTAÇÃO AO PONTO IV
Citação fora do contexto é malícia. Busca-se mostrar contradição entre os reformados, a doutrina da dicotomia (embora que o homem seja um ser completo e uma unidade) e Spurgeon. Spurgeon não está errado quando afirma que “o homem em seus delitos e pecados está legalmente morto, espiritualmente morto e está tão morto quanto um corpo depositado no túmulo”. Isto não contradiz a dicotomia, a imortalidade da alma, nem as confissões, nem as institutas, o problema é a mutilação de textos e usá-los fora do contexto. Se você voltar duas linhas antes desta citação, verá que o entendimento de morte espiritual para Spurgeon é absolutamente Bíblico, ele diz: “virtude, santidade, integridade: estas eram a vida do homem, e quando elas se foram o homem tornou-se morto”. Isto está em harmonia com Gen. 2.17; Ef. 2.1. Sugiro que leia o livro “Criados à Imagem de Deus” de Antony Hoekema. Cristo é a perfeita imagem de Deus Col. 1.15; Hb. 4.15; Col. 3.9,10; Rom. 8.29, e Cristo veio restaurar esta imagem, que é o estado de perfeição, ou seja de impecabilidade. A pecabilidade nos liga a morte, por isto, que só temos vida EM Cristo, gemendo por causa do pecado a que nós ainda estamos atrelados esperando a redenção final. Por isto que tudo converge EM Cristo, quem está Nele é nova criatura, está vivo. Spurgeon não errou.
Rom. 8.10-13
“E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”.
REFUTAÇÃO AO PONTO V
João 10.28
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Almeida Corrigida fiel. Ed. 1994)
Eu lhes dou a vida eterna, e nunca jamais hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Sociedade Bíblica Britânica)
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Almeida Revista e Atualizada. Ed. 1993)
Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão.
(Versão Católica)
Eu lhes dou a vida e elas não perecerão para sempre e ninguém as arrebatará de3 minha mão.
(Bíblia Pão Nosso. Editoras Vozes e Santuário, 26ª Ed. 1994).
Eu lhes dou a vida eterna e elas jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão.
(Bíblia de Jerusalém, editora Paulus. Ed. ? 2002)
καγω ζωην αιωνιον διδωμι αυτοις και ου μη απολωνται εις τον αιωνα και ουχ αρπασει τις αυτα εκ της χειρος μου
(Textus Receptus . Ed. 1894)
καγω διδωμι αυτοις ζωην αιωνιον και ου μη απολωνται εις τον αιωνα και ουχ αρπασει τις αυτα εκ της χειρος μου
(Westcott/Hort Ed. 1881)
Διδωμι: Presente do indicativo ativo; 1ª pessoa do singular = DOU.
Απολωνται: Aoristo do subjuntivo médio; 3ª do plural de απολλύμι = PERECERÃO, DESTRUIRÃO.
Αρπασει: Futuro do indicativo ativo; 3ª pessoa do singular de αρπαζϖ = ARREBATARÁ, TOMARÁ A FORÇA, SAQUEARÁ.
O aoristo no subjuntivo enfático de negação (a dupla negação, que só pode ser vista no original, é o único caso onde o subjuntivo torna-se mais forte que o próprio indicativo, e segui-se o verbo no futuro. (COINÊ – Pequena gramática de grego neotestamentário, Francisco Leonardo Schalkwijk. 8ª Ed. 1998, parág. 584, pág. 138). A exegese feita foi um descuido e um desastre. O que foi feito aqui, sem entrar em mais detalhes, foi jogar gasolina para apagar o fogo
REFUTAÇÃO AO PONTO VI
É um argumento insuficiente achar que mortos (Gên. 2.17; Ef. 2.1; 1Cor. 2.14; Ez. 37.1-14; 1Cor. ROM. 8.10-12; 9.10-18; ) podem INTRODUZIR-SEM em Cristo, na verdade não pode nem arrepender-se At. 11.18; 2Tim. 2.25; Tt. 1.1-3. Tudo isto fala da incapacidade do homem em nascer de novo Jo. 3.3-8, o Senhor Jesus diz que o homem deve nascer de novo (vs. 3) e diz também que não depende do próprio homem (vs. 6 “o que é nascido da carne é carne”), mas unicamente da vontade de Deus (vs. 6 “e o que é nascido do Espírito é espírito”). Por isto digo, esta doutrina ANÁTEMA nega a obra do Espírito Santo, na regeneração e na introdução de agraciados em Cristo.
“Presciência”. Os testemunhas de Jeová e os mórmons dizem que Deus erra, com base em Gên. 6.6; 2Sam. 24.16; 1Cro. 21.15 etc., porém com base nos atributos incomunicáveis de Deus (evidenciados no AT e no NT) e em Num. 23.19, e Tg 1.17 entendemos que se trata de uma linguagem antropopática, etc, etc, etc, então com base no termo presciência (Gr. Προγνϖσις), que basicamente significa conhecimento antecipado, prévio, não significa que Deus agi de acordo com a vontade do homem, como dissemos, a luz do contexto mais amplo e dos atributos do próprio Deus, o sentido do termo “prognôsis”, que comumente é traduzido por conhecimento previu , não se coaduna com o ensino geral da Bíblia, e sabedores que o termo hebraico “yada” pode expressar a idéia de “fazer alguém objeto de amoroso cuidado ou amor eletivo” (Berkhof). Assim as passagens terão sentido apropriado:
Rom. 9. 11-16 “Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”; Amar, conhecer e o verbo hebraico “yada” estão bem relacionados, Rom. 8.29 “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”;
Se entendermos que Deus age baseado nos nossos atos visto previamente, então: 1. A salvação não foi pela graça e sim por mérito ou obra (Rom. 4.4; Ef. 2.8); 2. A obra do Espírito Santo não é do Espírito Santo e sim do próprio homem Jo. 3; Ef. 2.1); 3. O homem por si só deixa de ser incrédulo e passa a ser crente em Jesus (Rom. 3.9-12); 4. que o homem não morreu, sim segundo este argumento, porque Deus previu que o homem MESMO MORTO iria ter vida sozinho (Gên. 2.17; Ef. 2.1). Já pensou, o Pai conversando com Jesus Cristo, você vai salvar Zezinho, porque eu estou vendo em minha “bola de cristal futurista” que ele pelas próprias forças vai querer a salvação e vai permanecer fiel. Portanto devemos entender o termo presciência a luz dos atributos incomunicáveis de Deus, do ensino geral das Escrituras, pois exegese não é blibicismo, e sim harmonia da Bíblia como um todo. Os próprios contextos destes versos não indicam autonomia humana, e este morto, que é base para o entendimento da eleição segundo a presciência, ou seja segundo o conhecimento antecipado da vontade do próprio homem. Baseados na ontologia do Ser de Deus, Ele decretou o que conhecia ou conhecia o que decretou?
Dizer outra coisa é colocar o carro na frente dos bois, é fazer de Deus servo da vontade depravada do homem, o conhecimento prévio de Deus é o mesmo que dizer que: “O CONHECIMENTO DO QUE O PRÓPRIO DEUS DECRETOU NA ETERNIDADE”.
Se Deus fica a mercê da vontade do homem para elegê-lo, então como Deus poderia garantir suas profecias? Se Ele teria de depender de bilhões e bilhões de decisões que são tomadas todos os dias, sem nenhuma garantia que daria certo, seria um jogo de xadrez inimaginável e até impossível mesmo para Deus, já que foi “expulso” de Seu trono e limitado de Seu poder. Isto nos leva a outro problema. Onde na Bíblia há espaço para um mundo paralelo? O ensino do conhecimento previu nos leva a um mundo desconhecido para Deus, onde Ele não governa, mas apenas faz consultas. Somos levados a crer que o que a Bíblia diz do Deus que criou os céus e a terra, nela colocou o homem, que este homem pecou, que Ele vem salvar alguns, não é o Deus que criou este planeta em que vivemos?
Outro exemplo:
Se nós formos aplicar todas as expressões a Deus e a nós identicamente, no mínimo teremos que nos curvar diante das seitas ou abandonar o conceito Bíblico de Deus. Os testemunhas de Jeová (mais uma vez eles aqui de novo), dizem que Jesus Cristo é o primeiro ser criado por Jeová, usam versos que, isoladamente do restante das Escrituras, diríamos amém, mas quando lemos a revelação de Deus de Si mesmo, sua singularidade e divindade e também do Seu filho Jesus, não podemos chegar a outra conclusão senão o da trindade (triunidade). E o peso, é que os seus atributos incomunicáveis são singular, e só pertence a Ele mesmo. Isto é o fundamento, pressuposto, premissa, princípio, etc, etc..., que Deus não se submete à falsa teologia relacional que O “mutila”, tornando-o subserviente da corrupção humana.
Calvino Foi muito citado fora do contexto, duas coisas está acontecendo: ou Calvino se contradiz entre as obras que escreveu, ou o que foi dito é fruto de uma leitura absolutamente mal feita. Obviamente, e sem sombras de dúvidas é a 2ª opção. Falo isto, recomendando o comentário dele do livro aos efésios, os primeiros versos do 1º capítulo.
Vejo que há muita confusão sobre vocação universal e salvífica. Bem, uma parábola expõe claramente este assunto que não é diferente do que Calvino diz. A parábola do semeador: Mateus 13.3-23. Na verdade nós só temos dois tipos de pessoas que são os tipos de solos, o bom o e que não é bom. Vemos que todos foram semeados, ou seja, todos são chamados pela pregação da Palavra, uns nem vão a igreja, outros até se tornam membros, mas também vão embora, e os que permanecem fieis são os eleitos, a boa terra, estes crescerão na fé e se fortalecerão cada vez mais no Senhor. As analogias citadas do cão e da porca, claramente estão incluídas nesta parábola, pois quem muda a natureza do homem? O homem?. Pois não eram boas terras, não foram regeneradas, nem eleitas segundo o beneplácito eterno e ininfluenciável.
De fato, a eleição baseada na presciência, não tem base Bíblica, nem foi a intenção dos que escreveram as Sagradas Letras.
Quem tem condições de estando fora de Cristo, ir a Ele? Senão aqueles que o próprio Deus levar, Jo. 6.44-47 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna”.
Sugiro que leia “Por quem Cristo morreu” de John Owen; “A Soberania Banida” de R. K. McGregor Wright; “Calvinismo – as antigas doutrinas da graça’ de Paulo Anglada.
REFUTAÇÃO AO PONTO VII
Na página 69, Calvino fala do desejo de Deus em salvar a todos, mostrando que não são todas as pessoas, uma a uma, mas de todas as classes sociais, onde o verso 2 de 1Tim. 2, diz. Nesta mesma instituta, desde a pág. 61, Calvino fala dos eleitos de Deus para a salvação e da rejeição de outros para a perdição, e isto na eternidade, na pág. 67 diz: “Assim como o Senhor, em virtude de sua vocação, conduz os seus escolhidos à salvação, para a qual os preordenou segundo o Seu conselho eterno, assim também, por outro lado, ele tem seus juízos contra os réprobos, e por esses juízos executa o que se havia determinado a fazer. Portanto, com relação aos que ele criou com vistas à condenação e morte eterna, a fim de serem instrumentos da sua ira (PV. 16.4; Rom. 9.22) e exemplos da sua severidade, eis como Ele procede para fazê-los chegar a seu fim: ou os priva da faculdade de ouvir a sua Palavra, ou pela pregação da mesma, cega-os e endurece-os ainda mais”. O problema é que, frases tiradas de seus contextos podem dizer qualquer coisa, menos a verdade, gerando heresias e blasfêmias. Outro exemplo é quando a Escritura diz que Deus não faz acepção de pessoas (At. 10.34; Rom. 2.11; Ef. 6.9; Tg. 2.1). Mais uma vez não são citados outros trechos de Calvino, na própria págnina da citação feita (pág. 71). Ele (Calvino), para lhe ajudar cita Rom. 11.32 “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”. Primeiro, se não tiver a interpretação correta, obrigatoriamente, todas as pessoas individualmente, de todas as épocas e lugares, ordinariamente seriam salvas. Porém, não é este o ensino das Escrituras, se você voltar para o capítulo 9.9-18, verá que a misericórdia salvífica (este texto fala de eleitos para a salvação e dos rejeitados), não se estende a todos. A grande Nínive que Deus teve misericórdia, onde não clamava e não buscava ao Senhor. Não me surpreendo, pois, se até agora não foi entendido a qualidade e a extensão da morte em Adão, não entendem o linguajar dos escritos de Calvino.
Se há expiação ou redenção universal, então, no inferno só haverá o diabo e seus anjos, ou até eles mesmos não estarão lá. A palavra redenção significa ato ou efeito de resgatar, salvar; a palavra expiação significa pagamento de uma pena ou dívida. Se pela Sua morte Cristo resgatou, salvou, pagou a pena e a dívida por todos, então o que resta mais? Não sobraria ninguém para ocupar o inferno e ele fecharia. Estamos numa tenção do já e o ainda não, somos de Cristo, temos o Espírito Santo, somos herdeiros com Cristo dos céus, mas ainda pecamos. Isto não muda o fato, como diz o escritor aos hebreus 10.12-18:
“Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”.
Uma coisa é o anuncio universal do evangelho chamando TODOS ao arrependimento outra coisa é a expiação e redenção, que só pertence ao povo (MT. 1.21; 1Pe. 2.9; 2Tm. 2.10; Rom. 8.23; Mc. 13.20. Este é justamente o entendimento equivocado de Rm. 5.18; 1Tm. 2.1-4; 4.10.11; 1Jo. 2.2.
Os objetivos da pregação da Palavra, tanto dentro quanto fora da igreja são dois, e geralmente distorcido pelos inimigos da graça de Deus. Pela pregação fiel, Deus condena os rebeldes e chama eficazmente os escolhidos; pela pregação fiel, Deus exorta os seus usando as ameaças da aliança, chamando-os ao arrependimento e a santificação, por isto as advertências, que os inimigos da graça de Deus pensam que salvação se perde e que o homem pode resistir, ao poder de Deus.
Lutero teve suas limitações, porém, fora dito que os cânones de Dort entraram em divergência com Calvino, mas como mostramos antes, e agora novamente, no mesmo texto de Berkhok donde fala de Lutero (teologia sistemática pág. 104), no mesmo parágrafo fala da consonância dos Cânones de Dort e os escritos de Calvino, “Calvino sustentou firmemente a doutrina agostiniana da predestinação dupla e absoluta. Ao mesmo tempo, em sua defesa da doutrina contra Pighius, deu ênfase ao fato de que o decreto concernente à entrada do pecado no mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto de reprovação deve ter sido elaborada de maneira que Deus não fosse o autor do pecado, nem responsável por este, de modo nenhum. As confissões reformadas (calvinistas) são notavelmente coesas na incorporação desta doutrina, conquanto não a apresentem todas com igual plenitude e precisão. Em conseqüência de investida arminiana contra a doutrina, os Cânones de Dort contêm uma minuciosa exposição dela. Nas Igrejas do tipo arminiano, a doutrina da predestinação foi suplantada pela doutrina da predestinação condicional”.
Tentaremos fazer uma análise bem simples e contextual de alguns versos.
Sobre o contexto de romanos 5.18
“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida”.
Queria que você me acompanhasse-se usando o entendimento de TODOS no texto de Paulo em romanos 5.18: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para justificação de vida”.
“Mas não tem escopo acadêmico”. Devo lembrar que isto é um sermão e não um tratado teológico.
“Não afirma quem conseguiu provar isto”. Todos os reformados provaram o que ele afirma em seu sermão e pelo menos cita o nome de Lutero.
REFUTAÇÃO AO PONTO III
A conclusão de Spurgeon em dizer “...desafiar a doutrina da inspiração?”, deve ser entendida a luz do contexto do seu texto. Ele argumenta que Jesus não quis dizer que os homens não querem ir a Ele por opção, mas porque não querem outra coisa. Que ir contra a doutrina da graça é ir contra a inspiração divina. O que de fato é a doutrina do “livre-arbítrio”, senão que a “não-morte (Gên.2.17)” do homem é fator integrante e decisivo, ao ponto de sujeitar Deus e Sua graça. Posso até concordar que ele errou e não se expressou adequadamente, pois não se trata apenas de desafiar a inspiração, mas de desafiar o próprio Deus, e sua graça, de fato ele errou em não dizer que se trata de blasfêmia. R. K. McGregor Wright colocou como título bem apropriado de seu livro: “A Soberania banida”.
As institutas que você cita mutilando-a do seu contexto, é colocada maliciosamente contra Spurgeon, os Cânones de Dort e uma gama de outros reformados, querendo mostrar contradição e dissonância com Calvino. Fazer biblicismo gera falsa doutrina, fazer “instituticismo” é malícia e maldade. Calvino, no capítulo I do vol. I pág. 55, da edição especial, começa completando o que falta na filosofia e na religião dos homens, Sócrates postulou: “Conheci-te a ti mesmo” , e Calvino, muito verdadeiramente diz: “A soma de nossa sabedoria, a que merece o nome de verdadeira e certa, abrange estas duas parte: o conhecimento que se pode ter de Deus, e o de nós mesmos”. Portanto a doutrina do livre-arbítrio do homem é o conhecimento do homem somente, produzindo uma religião do homem, uma falsa religião, blasfemando contra Deus. De fato, Spurgeon errou.
O que foi combatido em Dort, a “Remonstrance” (Representação), era a posição oficial dos seguidores de Armínio, por isso, todos os pontos do texto foram conhecidos como Arminianismo.
Muito embora ele não defendesse todo o texto da remonstrance, porém, como você leu (o certo é, como foi lido) no livro de Sproul, Sola Gratia, Armínio atribuiu ao homem autonomia e poder de resistir a Deus, desprovido de base do conhecimento de Deus na Bíblia, que resultou no desenvolvimento da remonstrance, Armínio não é menos responsável que seus sucessores.
REFUTAÇÃO AO PONTO IV
Citação fora do contexto é malícia. Busca-se mostrar contradição entre os reformados, a doutrina da dicotomia (embora que o homem seja um ser completo e uma unidade) e Spurgeon. Spurgeon não está errado quando afirma que “o homem em seus delitos e pecados está legalmente morto, espiritualmente morto e está tão morto quanto um corpo depositado no túmulo”. Isto não contradiz a dicotomia, a imortalidade da alma, nem as confissões, nem as institutas, o problema é a mutilação de textos e usá-los fora do contexto. Se você voltar duas linhas antes desta citação, verá que o entendimento de morte espiritual para Spurgeon é absolutamente Bíblico, ele diz: “virtude, santidade, integridade: estas eram a vida do homem, e quando elas se foram o homem tornou-se morto”. Isto está em harmonia com Gen. 2.17; Ef. 2.1. Sugiro que leia o livro “Criados à Imagem de Deus” de Antony Hoekema. Cristo é a perfeita imagem de Deus Col. 1.15; Hb. 4.15; Col. 3.9,10; Rom. 8.29, e Cristo veio restaurar esta imagem, que é o estado de perfeição, ou seja de impecabilidade. A pecabilidade nos liga a morte, por isto, que só temos vida EM Cristo, gemendo por causa do pecado a que nós ainda estamos atrelados esperando a redenção final. Por isto que tudo converge EM Cristo, quem está Nele é nova criatura, está vivo. Spurgeon não errou.
Rom. 8.10-13
“E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. De maneira que, irmãos, somos devedores, não à carne para viver segundo a carne. Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis”.
REFUTAÇÃO AO PONTO V
João 10.28
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Almeida Corrigida fiel. Ed. 1994)
Eu lhes dou a vida eterna, e nunca jamais hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Sociedade Bíblica Britânica)
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão.
(Almeida Revista e Atualizada. Ed. 1993)
Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão.
(Versão Católica)
Eu lhes dou a vida e elas não perecerão para sempre e ninguém as arrebatará de3 minha mão.
(Bíblia Pão Nosso. Editoras Vozes e Santuário, 26ª Ed. 1994).
Eu lhes dou a vida eterna e elas jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão.
(Bíblia de Jerusalém, editora Paulus. Ed. ? 2002)
καγω ζωην αιωνιον διδωμι αυτοις και ου μη απολωνται εις τον αιωνα και ουχ αρπασει τις αυτα εκ της χειρος μου
(Textus Receptus . Ed. 1894)
καγω διδωμι αυτοις ζωην αιωνιον και ου μη απολωνται εις τον αιωνα και ουχ αρπασει τις αυτα εκ της χειρος μου
(Westcott/Hort Ed. 1881)
Διδωμι: Presente do indicativo ativo; 1ª pessoa do singular = DOU.
Απολωνται: Aoristo do subjuntivo médio; 3ª do plural de απολλύμι = PERECERÃO, DESTRUIRÃO.
Αρπασει: Futuro do indicativo ativo; 3ª pessoa do singular de αρπαζϖ = ARREBATARÁ, TOMARÁ A FORÇA, SAQUEARÁ.
O aoristo no subjuntivo enfático de negação (a dupla negação, que só pode ser vista no original, é o único caso onde o subjuntivo torna-se mais forte que o próprio indicativo, e segui-se o verbo no futuro. (COINÊ – Pequena gramática de grego neotestamentário, Francisco Leonardo Schalkwijk. 8ª Ed. 1998, parág. 584, pág. 138). A exegese feita foi um descuido e um desastre. O que foi feito aqui, sem entrar em mais detalhes, foi jogar gasolina para apagar o fogo
REFUTAÇÃO AO PONTO VI
É um argumento insuficiente achar que mortos (Gên. 2.17; Ef. 2.1; 1Cor. 2.14; Ez. 37.1-14; 1Cor. ROM. 8.10-12; 9.10-18; ) podem INTRODUZIR-SEM em Cristo, na verdade não pode nem arrepender-se At. 11.18; 2Tim. 2.25; Tt. 1.1-3. Tudo isto fala da incapacidade do homem em nascer de novo Jo. 3.3-8, o Senhor Jesus diz que o homem deve nascer de novo (vs. 3) e diz também que não depende do próprio homem (vs. 6 “o que é nascido da carne é carne”), mas unicamente da vontade de Deus (vs. 6 “e o que é nascido do Espírito é espírito”). Por isto digo, esta doutrina ANÁTEMA nega a obra do Espírito Santo, na regeneração e na introdução de agraciados em Cristo.
“Presciência”. Os testemunhas de Jeová e os mórmons dizem que Deus erra, com base em Gên. 6.6; 2Sam. 24.16; 1Cro. 21.15 etc., porém com base nos atributos incomunicáveis de Deus (evidenciados no AT e no NT) e em Num. 23.19, e Tg 1.17 entendemos que se trata de uma linguagem antropopática, etc, etc, etc, então com base no termo presciência (Gr. Προγνϖσις), que basicamente significa conhecimento antecipado, prévio, não significa que Deus agi de acordo com a vontade do homem, como dissemos, a luz do contexto mais amplo e dos atributos do próprio Deus, o sentido do termo “prognôsis”, que comumente é traduzido por conhecimento previu , não se coaduna com o ensino geral da Bíblia, e sabedores que o termo hebraico “yada” pode expressar a idéia de “fazer alguém objeto de amoroso cuidado ou amor eletivo” (Berkhof). Assim as passagens terão sentido apropriado:
Rom. 9. 11-16 “Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”; Amar, conhecer e o verbo hebraico “yada” estão bem relacionados, Rom. 8.29 “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”;
Se entendermos que Deus age baseado nos nossos atos visto previamente, então: 1. A salvação não foi pela graça e sim por mérito ou obra (Rom. 4.4; Ef. 2.8); 2. A obra do Espírito Santo não é do Espírito Santo e sim do próprio homem Jo. 3; Ef. 2.1); 3. O homem por si só deixa de ser incrédulo e passa a ser crente em Jesus (Rom. 3.9-12); 4. que o homem não morreu, sim segundo este argumento, porque Deus previu que o homem MESMO MORTO iria ter vida sozinho (Gên. 2.17; Ef. 2.1). Já pensou, o Pai conversando com Jesus Cristo, você vai salvar Zezinho, porque eu estou vendo em minha “bola de cristal futurista” que ele pelas próprias forças vai querer a salvação e vai permanecer fiel. Portanto devemos entender o termo presciência a luz dos atributos incomunicáveis de Deus, do ensino geral das Escrituras, pois exegese não é blibicismo, e sim harmonia da Bíblia como um todo. Os próprios contextos destes versos não indicam autonomia humana, e este morto, que é base para o entendimento da eleição segundo a presciência, ou seja segundo o conhecimento antecipado da vontade do próprio homem. Baseados na ontologia do Ser de Deus, Ele decretou o que conhecia ou conhecia o que decretou?
Dizer outra coisa é colocar o carro na frente dos bois, é fazer de Deus servo da vontade depravada do homem, o conhecimento prévio de Deus é o mesmo que dizer que: “O CONHECIMENTO DO QUE O PRÓPRIO DEUS DECRETOU NA ETERNIDADE”.
Se Deus fica a mercê da vontade do homem para elegê-lo, então como Deus poderia garantir suas profecias? Se Ele teria de depender de bilhões e bilhões de decisões que são tomadas todos os dias, sem nenhuma garantia que daria certo, seria um jogo de xadrez inimaginável e até impossível mesmo para Deus, já que foi “expulso” de Seu trono e limitado de Seu poder. Isto nos leva a outro problema. Onde na Bíblia há espaço para um mundo paralelo? O ensino do conhecimento previu nos leva a um mundo desconhecido para Deus, onde Ele não governa, mas apenas faz consultas. Somos levados a crer que o que a Bíblia diz do Deus que criou os céus e a terra, nela colocou o homem, que este homem pecou, que Ele vem salvar alguns, não é o Deus que criou este planeta em que vivemos?
Outro exemplo:
Se nós formos aplicar todas as expressões a Deus e a nós identicamente, no mínimo teremos que nos curvar diante das seitas ou abandonar o conceito Bíblico de Deus. Os testemunhas de Jeová (mais uma vez eles aqui de novo), dizem que Jesus Cristo é o primeiro ser criado por Jeová, usam versos que, isoladamente do restante das Escrituras, diríamos amém, mas quando lemos a revelação de Deus de Si mesmo, sua singularidade e divindade e também do Seu filho Jesus, não podemos chegar a outra conclusão senão o da trindade (triunidade). E o peso, é que os seus atributos incomunicáveis são singular, e só pertence a Ele mesmo. Isto é o fundamento, pressuposto, premissa, princípio, etc, etc..., que Deus não se submete à falsa teologia relacional que O “mutila”, tornando-o subserviente da corrupção humana.
Calvino Foi muito citado fora do contexto, duas coisas está acontecendo: ou Calvino se contradiz entre as obras que escreveu, ou o que foi dito é fruto de uma leitura absolutamente mal feita. Obviamente, e sem sombras de dúvidas é a 2ª opção. Falo isto, recomendando o comentário dele do livro aos efésios, os primeiros versos do 1º capítulo.
Vejo que há muita confusão sobre vocação universal e salvífica. Bem, uma parábola expõe claramente este assunto que não é diferente do que Calvino diz. A parábola do semeador: Mateus 13.3-23. Na verdade nós só temos dois tipos de pessoas que são os tipos de solos, o bom o e que não é bom. Vemos que todos foram semeados, ou seja, todos são chamados pela pregação da Palavra, uns nem vão a igreja, outros até se tornam membros, mas também vão embora, e os que permanecem fieis são os eleitos, a boa terra, estes crescerão na fé e se fortalecerão cada vez mais no Senhor. As analogias citadas do cão e da porca, claramente estão incluídas nesta parábola, pois quem muda a natureza do homem? O homem?. Pois não eram boas terras, não foram regeneradas, nem eleitas segundo o beneplácito eterno e ininfluenciável.
De fato, a eleição baseada na presciência, não tem base Bíblica, nem foi a intenção dos que escreveram as Sagradas Letras.
Quem tem condições de estando fora de Cristo, ir a Ele? Senão aqueles que o próprio Deus levar, Jo. 6.44-47 “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna”.
Sugiro que leia “Por quem Cristo morreu” de John Owen; “A Soberania Banida” de R. K. McGregor Wright; “Calvinismo – as antigas doutrinas da graça’ de Paulo Anglada.
REFUTAÇÃO AO PONTO VII
Na página 69, Calvino fala do desejo de Deus em salvar a todos, mostrando que não são todas as pessoas, uma a uma, mas de todas as classes sociais, onde o verso 2 de 1Tim. 2, diz. Nesta mesma instituta, desde a pág. 61, Calvino fala dos eleitos de Deus para a salvação e da rejeição de outros para a perdição, e isto na eternidade, na pág. 67 diz: “Assim como o Senhor, em virtude de sua vocação, conduz os seus escolhidos à salvação, para a qual os preordenou segundo o Seu conselho eterno, assim também, por outro lado, ele tem seus juízos contra os réprobos, e por esses juízos executa o que se havia determinado a fazer. Portanto, com relação aos que ele criou com vistas à condenação e morte eterna, a fim de serem instrumentos da sua ira (PV. 16.4; Rom. 9.22) e exemplos da sua severidade, eis como Ele procede para fazê-los chegar a seu fim: ou os priva da faculdade de ouvir a sua Palavra, ou pela pregação da mesma, cega-os e endurece-os ainda mais”. O problema é que, frases tiradas de seus contextos podem dizer qualquer coisa, menos a verdade, gerando heresias e blasfêmias. Outro exemplo é quando a Escritura diz que Deus não faz acepção de pessoas (At. 10.34; Rom. 2.11; Ef. 6.9; Tg. 2.1). Mais uma vez não são citados outros trechos de Calvino, na própria págnina da citação feita (pág. 71). Ele (Calvino), para lhe ajudar cita Rom. 11.32 “Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”. Primeiro, se não tiver a interpretação correta, obrigatoriamente, todas as pessoas individualmente, de todas as épocas e lugares, ordinariamente seriam salvas. Porém, não é este o ensino das Escrituras, se você voltar para o capítulo 9.9-18, verá que a misericórdia salvífica (este texto fala de eleitos para a salvação e dos rejeitados), não se estende a todos. A grande Nínive que Deus teve misericórdia, onde não clamava e não buscava ao Senhor. Não me surpreendo, pois, se até agora não foi entendido a qualidade e a extensão da morte em Adão, não entendem o linguajar dos escritos de Calvino.
Se há expiação ou redenção universal, então, no inferno só haverá o diabo e seus anjos, ou até eles mesmos não estarão lá. A palavra redenção significa ato ou efeito de resgatar, salvar; a palavra expiação significa pagamento de uma pena ou dívida. Se pela Sua morte Cristo resgatou, salvou, pagou a pena e a dívida por todos, então o que resta mais? Não sobraria ninguém para ocupar o inferno e ele fecharia. Estamos numa tenção do já e o ainda não, somos de Cristo, temos o Espírito Santo, somos herdeiros com Cristo dos céus, mas ainda pecamos. Isto não muda o fato, como diz o escritor aos hebreus 10.12-18:
“Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado”.
Uma coisa é o anuncio universal do evangelho chamando TODOS ao arrependimento outra coisa é a expiação e redenção, que só pertence ao povo (MT. 1.21; 1Pe. 2.9; 2Tm. 2.10; Rom. 8.23; Mc. 13.20. Este é justamente o entendimento equivocado de Rm. 5.18; 1Tm. 2.1-4; 4.10.11; 1Jo. 2.2.
Os objetivos da pregação da Palavra, tanto dentro quanto fora da igreja são dois, e geralmente distorcido pelos inimigos da graça de Deus. Pela pregação fiel, Deus condena os rebeldes e chama eficazmente os escolhidos; pela pregação fiel, Deus exorta os seus usando as ameaças da aliança, chamando-os ao arrependimento e a santificação, por isto as advertências, que os inimigos da graça de Deus pensam que salvação se perde e que o homem pode resistir, ao poder de Deus.
Lutero teve suas limitações, porém, fora dito que os cânones de Dort entraram em divergência com Calvino, mas como mostramos antes, e agora novamente, no mesmo texto de Berkhok donde fala de Lutero (teologia sistemática pág. 104), no mesmo parágrafo fala da consonância dos Cânones de Dort e os escritos de Calvino, “Calvino sustentou firmemente a doutrina agostiniana da predestinação dupla e absoluta. Ao mesmo tempo, em sua defesa da doutrina contra Pighius, deu ênfase ao fato de que o decreto concernente à entrada do pecado no mundo foi um decreto permissivo, e que o decreto de reprovação deve ter sido elaborada de maneira que Deus não fosse o autor do pecado, nem responsável por este, de modo nenhum. As confissões reformadas (calvinistas) são notavelmente coesas na incorporação desta doutrina, conquanto não a apresentem todas com igual plenitude e precisão. Em conseqüência de investida arminiana contra a doutrina, os Cânones de Dort contêm uma minuciosa exposição dela. Nas Igrejas do tipo arminiano, a doutrina da predestinação foi suplantada pela doutrina da predestinação condicional”.
Tentaremos fazer uma análise bem simples e contextual de alguns versos.
Sobre o contexto de romanos 5.18
“Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida”.
Queria que você me acompanhasse-se usando o entendimento de TODOS no texto de Paulo em romanos 5.18: “Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio à graça sobre todos os homens para justificação de vida”.
uma só ofensa = um só ato de justiça
todos os homens para condenação = sobre todos os homens para justificação que dá vida
- No cap. 1 versos 6 e 7 ele diz que todos os amados foram chamados para serem de Jesus
- No cap. 3 verso 22 diz: para todos [e sobre todos] os que crêem.
- No cap. 4 versos 2-5. Paulo quer mostrar que a justificação não é pelo cumprimento da Lei e sim por meio da fé (1Cor. 12.9, é don; Rom. 12.3, “repartiu”; Efé. 2.8, fé é dada por Deus e também é a manifestação natural dos nascidos de novo; 2Pe. 1.1 “obtiveram fé”; Jd. 3 “fé que foi dada aos santos”).
- No cap. 5.12 “Em razão disto”. O que ele passa a falar é resultado do que vem expondo desde o verso, o sacrifício substitutivo de Cristo.
- Nos versos 15,18,19, Paulo usa as palavra todos e muitos intercambiavelmente. Das duas uma, ou todos que caíram em Adão, irão todos, absolutamente serrem salvos, ou o próprio contexto imediato e o mais amplo, qualificará e distinguirá as palavras. A leitura descuidada, apressada e maliciosa, geralmente usam a primeira opção. A luz do que já vimos do contexto imediato, já nos dá um entendimento de que todos os mortos em Adão, são literalmente todos os indivíduos da raça humana e que o todos justificados e salvos por meio da fé em Cristo Jesus são todos os amados de Deus.
- No cap. 6.1-14. O apóstolo fala de outra morte, que absolutamente nem todos os que estão mortos (em adão), terão o privilégio gracioso de passar, como também os que são ressuscitados como ele (Paulo se refere, já aqui, a vidas regeneradas). Acredito que não necessita de uma análise mais extensa, busque agora nos livros indicados para uma discussão mais prolongada.
Sobre o contexto de 1Timóteo 2.4
"que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade"
1Tm .2.1-6 "...por todos os homens... pelos reis e todos os que detêm a autoridade. Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens sejam salvos... pois há... um só mediador... Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos".
Timóteo 2.3. “diante de Deus, nosso salvador (σωτηρος), 4. que quer que todos os homens sejam salvos (σωθηναι) e cheguem ao conhecimento da verdade”
Este todos, bem qualificado a luz do que vimos em romanos, como o resgate não pode ser pago aos não salvos, e que de fato, ele é efetivo e irrevogavelmente aplicado aos eleitos e amados de Deus onde hebreus fala bem disso no cap. 2 versos 9-16:
“Vemos, todavia, Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa do sofrimento da morte, coroado de honra e de glória. É que pela graça de Deus provou a morte em favor de todos os homens. Convinha, de fato, que aquele por quem e para quem todas as coisas existem, querendo conduzir muitos filhos à glória, levasse à perfeição, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles. Pois tanto o que santifica quanto os santificados, todos, descendem de um só; razão por que não se envergonha de os chamar irmãos, dizendo: anunciarei o teu nome a meus irmãos; em plena assembléia te louvarei; e mais: porei nele a minha confiança; e ainda; eis-me aqui com os filhos que Deus me deu. Uma vez que os filhos têm em comum carne e sangue, por isso também ele participou da mesma condição, a fim de destruir pela morte o dominador da morte, isto, é , o diabo; e libertar os que passaram toda a vida em estado de servidão, pelo temor da morte. Pois não veio ele ocupar-se com anjos, mas, sim, com a descendência de Abraão”.
O apóstolo Paulo diz quem são os filhos de Abraão, Lucas 3.8; Rom. 8.14; 9.8; Gál. 3.7.
Sobre o contexto de 1Timóteo 4.10
"Pois se nós trabalhamos e lutamos, é porque pomos a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, sobretudo dos que têm fé"
vs. 3 "pelos que têm fé e conhecem a verdade"
O único contexto desta sentença é o do cap. 2 verso 1 e 2, que coaduna com o texto de romanos e o de Tito:“Recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações súplicas e ações de graças, por todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda piedade e dignidade”
Sobre o contexto de Tito 2.11
"Com efeito, a graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens"
Tito 1.3,4. “... por ordem de Deus nosso salvador (σωτηρος)... 4. da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso salvador (σωτηρος)”
Tito 2.10,11,13. 10.“Jamais furtando, ao contrário, dando prova de inteira fidelidade, honrando, assim, em tudo a doutrina de Deus, nosso Salvador (σωτηρος). 11. Com efeito, a graça de Deus se manifestou para a salvação (σωτηριος) de todos os homens. 13. Aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador (σωτηρος), Cristo Jesus”
vs. 13. "aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus, o que se entregou a si mesmo por nós, para remir-nos de toda iniqüidade, e para purificar um povo que lhe pertence". Se este contexto imediato, não qualifica a salvação deste todos, então o biblicismo passa a ser regra de interpretação.
- Cap. 3.1-7. “Lembra-lhes que devem ser submissos aos magistrados e às autoridades, que devem ser obedientes e estar sempre prontos para qualquer trabalho honesto, que não devem difamar a ninguém, nem andar brigando, mas sejam cavalheiros e delicados para com todos. Porque nós antigamente éramos insensatos, desobedientes, extraviados, escravos de toda sorte de paixões e de prazeres, vivendo em malícias e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas, quando a bondade e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, ele salvou-nos, não por causa dos atos justos que houvéssemos praticado, mas porque, por sua misericórdia, fomos lavados pelo poder regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele ricamente derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que fôssemos justificados pela sua graça, e nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna”.
Tito 3.4,6. 4.“Mas, quando a bondade e o amor de Deus nosso salvador (σωτηρος), se manifestaram, ele salvou-nos (έσωσεν ήμας) 6. que ele ricamente derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso salvador (σωτηρος)...”
Vs. 12-15. “Mandarei ao teu encontro Ártemas ou Tíquico. Quando tiver chegado aí, faze o possível para vir ter comigo em Nicópolis, onde resolvi passar o inverno. Esforça-te por ajudar Zenas, o jurista, e Apolo, de modo que nada lhes falte. Todos os da nossa gente precisam aprender a praticar belas obras, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes e, assim, não fiquem infrutíferos. Todos os que estão comigo te saúdam. Saúda a todos os que nos amam na fé. A graça esteja com todos vós”.
Conclusão:
Não me surpreendo com textos que, desequilibradamente aparecem para desqualificar as doutrinas Bíblicas/reformadas, isto é só para querer ganhar algum tipo de reconhecimento, como se tivesse descoberto a pedra filosofal, a fonte da juventude, o guarda-roupas de Nárnia ou algo parecido. Na verdade são aventureiros que atacam de fora (as idolatrias das nações pagãs) e atacam de dentro (ataques de falsos mestres dentro das próprias fileiras do evangelicalismo). Tudo o que foi dito contra a verdade não tem valor nenhum. Reconheço que há texto mais difíceis que requer mais atenção, porém chegam a sua devida claridade.
Permanece, mesmo que não sejam canônicas, as palavras de Spurgeon no seu livreto “livre arbítrio – um escravo”, pois se trata de verdades Bíblicas.
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Por Sergio Moreira
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