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sexta-feira, 23 de outubro de 2009

EXPRESSANDO A NOSSA CONFESSIONALIDADE.


A DOUTRINA DA SALVAÇÃO NO PRESBITERIANISMO[1]
Professor: João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
É deveras curioso vir a uma conferência como esta e falar sobre este assunto. Qualquer pessoa que se insere dentro do sistema presbiteriano consegue nitidamente perceber que de fato há uma forma distinta de se abordar a questão da salvação.
Mas é também notório o desconhecimento de muitos desta percepção singular que oferece o Presbiterianismo. Falar sobre a doutrina da Salvação para os presbiterianos é ter dois pensamentos: Primeiro edificar a Igreja naquilo que ela já crê a respeito do plano redentivo de Deus para o homem; e o segundo pensamento seria, ensinar as doutrinas fundamentais que os presbiterianos sempre acreditaram, mas que tem sido desconhecido entre os próprios presbiterianos; e sinceramente, sempre o segundo pensamento é que tem predominado.
Em qual destes pensamentos esta Igreja deveria se encaixar? Este é o nosso primeiro desafio. O segundo desafio é a vastidão deste assunto: O assunto concernente a salvação poderia ser abordado sob os seguintes tópicos da teologia: A visão pactual – onde Deus progressivamente se revela como redentor do seu povo estabelecendo um pacto com o homem; a segunda maneira de abordarmos poderia ser estudando aspectos específicos ou temas específicos da teologia sistemática – como regeneração, santificação, conversão, a fé redentora e o papel do Espírito na conversão de pecadores; mas, penso que o que se enquadra adequadamente para os nossos propósitos – e para o tema desta aula – a abordagem dos cinco pontos do calvinismo.
Talvez alguns de vocês não tenham conhecimento disto, mas a nossa Igreja é Calvinista quanto a questão da salvação. Mas o que é o calvinismo?
O calvinismo é um ponto de vista universal, derivado de uma clara visão de Deus como o Criador e Rei do mundo inteiro. O calvinismo é a tentativa coerente de reconhecer o Criador como o Senhor, Aquele que faz todas as coisas segundo o conselho da Sua vontade. O calvinismo é uma maneira teocêntrica de pensar acerca da vida, sob a direção e controle da própria Palavra de Deus. Em outras palavras, o calvinismo é a teologia da Bíblia vista da perspectiva da Bíblia — a visão teocêntrica que vê o Criador como a origem, o meio e o fim de tudo quanto existe, tanto no âmbito da natureza quanto no âmbito da graça. O calvinismo, assim sendo, reflete o teísmo (a crença em Deus como o fundamento de todas as coisas), reflete a religião (a dependência a Deus como o doador de todas as coisas), e reflete a posição evangélica (a confiança em Deus através de Cristo, para todas as coisas), tudo na sua forma mais pura e mais altamente desenvolvida. O cal­vinismo é uma filosofia unificada da história, que encara a inteira diversidade de processos e eventos que têm lugar no mundo de Deus, como nada mais e nada menos do que a concretização de Seu grandioso plano preordenado, visando Suas criaturas e Sua Igreja. Os cinco pontos asseveram precisamente que Deus é sobe­rano quando salva o indivíduo; mas o calvinismo, como tal, preocupa-se com assertivas muito mais am­plas, acerca do fato que Deus é soberano em tudo (PACKER, 1992, Pg. 6).

Esta é a verdaeira visão do calvinismo expresso no Presbiterianismo. Diante disso iremos agora discorrer sobre os cinco pontos do calvinismo. Antes de tudo precisamos situar cada um de vocês no devido contexto histórico da problemática sobre Calvinismo e Arminianismo.
Na Holanda do século XVI houve um homem chamado de Jacob Armínio que questionara os ensinos das Igrejas presbiterianas (conhecidas como reformadas) quanto a questão da salvação do pecador. Ao morrer Armínio deixou um grupo de discípulos que ficaram conhecidos como os Remonstrance – este grupo elaborou cinco artigos de fé para derrubar as confissões presbiterianas na época – Confissão de fé Belga e Catecismo de Heidelberg – então, na Cidade de Dort é convocado,nos anos de 1618-1619, um Sínodo para resolver a questão soteriológica.
Os teólogos calvinistas constituídos de 84 renomados eruditos reformados reuniram-se na cidade de Dort, na Holanda, após sete meses de discussões em 154 seções. Colocaram-se contra a Remonstrance e suas proposições: Livre-arbitrio, eleição condicional, expiação universal, vocação resistível e perca da salvação. Estes pontos da Remonstrance ficaram conhecidos como os cinco pontos do arminianismo.
Os teólogos de Dort formularam as suas respostas ao arminianismo e formularam os cinco pontos do calvinismo, uma homenagem ao grande teólogo do Presbiterianismo João Calvino. Um século depois nos anos 1643-1649 a Confissão de Fé de Westminster é redigida re-confirmando e aceitando, como bíblico, os cinco pontos do calvinismo.
I – A DEPRAVAÇÃO TOTAL DO HOMEM.
Este é o primeiro ponto do Calvinismo no qual se entende que homem depois da queda em pecado conforme vemos em Gênesis 3. Ele se tornou indisposto e incapaz na prática de todo e qualquer bem que o acompanhe, é exatamente isto que nos ensina a nossa Confissão de Fé de Westminster no capítulo 9 seção 3:
O homem, com a sua queda num estado de pecado, perdeu totalmente a capacidade da vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de tal maneira que o homem natural, tornando-se totalmente indisposto no tocante àquele bem, e morto em pecado, não é capaz, por sua própria força, de converte-se nem ainda preparar-se para isto.

Este ensino reflete o que a Bíblia nos ensina em Romanos 3.10-18 onde o Apóstolo Paulo inspirado pelo Espírito Santo nos diz:

10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; 15 são os seus pés velozes para derramar sangue, 16 nos seus caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz. 18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Em outro texto lemos que o homem é morto espiritualmente falando conforme Efésios 2.1,5: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -- pela graça sois salvos,”. Isto tem implicações significativas na vida da Igreja Presbiterina de forma específica. A primeira delas é a prática do apelo após os sermões; é comum em nossa época ouvirmos pregadores que depois do sermão costumam chamar os pecadores arrependidos a virem até a frente e confessar a Cristo.
Tal posição nega taxativamente que o homem é totalmente depravado em seus pecados, nega que ele está morto e que não pode fazer nada em favor de sua alma. E que a sua vontade está corrompida e que não pode querer o evangelho apresentado por Cristo.
A segunda implicação deste ensino é que não há amigos do evangelho; muitos crentes convidam os descrentes a virem para a igreja, mas ao apresentá-los dizem: “alí está um homem ou mulher que não é crente, mas é amigo do evangelho”; este não é uma pressuposição bíblica – o homem está em rebeldia contra Deus! Este é o ensino claro das Escrituras. Então, quem é presbiteriano não prática o sistema de apelo e nem diz que pecadores impenitentes são amigos do evangelho de Cristo.
II – ELEIÇÃO INCONDICIONAL
Este também é um dos pontos do calvinismo e do sistema de salvação presbiteriano; este assunto é pertubador para muitos crentes. Este aspecto é conhecido como sendo a doutrina da predestinação. Ou seja, os presbiterianos acreditam, ensinam e defendem a PREDESTINAÇÃO.
No Presbiterianismo não há lugar para o acaso ou sorte, ou mesmo para o livre-arbítrio do homem. Não há espaço para o fatalismo ou determinismo fatalista; há no presbiterianos um determinismo bíblico, teocêntico onde Deus deterimina tudo o que há de acontecer neste mundo.
O catecismo Maior de Westminster na pregunta 12 define decreto (predestinação) nos seguintes termos:
“Os decretos de Deus são so seus atos sábios, livres e santos do conselho de sua vontade, pelos quais , desde toda a eternidade, Ele para a sua própria glória, imutalvelmente predestinou tudo o que acontece, especialmente com referência aos anjos e aos homens”
A nossa Confissão de Fé de Westminster tratando da providência no capítulo 5 seção 1 nos ensina:
Pela sua mui sábia providência, seundo a sua infalível presciência e o livre e imútável conselho de sua própria vontade, Deus, o grande Criador de todas as coisas, para o louvor da glória da sua sabedoria, poder, justiça, bondade e misericórdia, sustenta, dirige, dispõe e governa todas as suas criaturas, todas as ações de todas as coisas, desde a maior até a menor]

Deus decreta todas as coisas conforme lhe apraz é a sua vontade que decreta tudo. Ou seja, a salvação é realmente de Deus conforme nos ensina Jonas 2.8 “porque a Salvação é do Senhor”.A doutrina da eleição incondicional é o contra-ponto do sistema que acredita que Deus espera uma decisão do livre-arbítrio do homem para poder salvá-lo.
No presbiterinismo a salvação é planejada por Deus desde toda a eterinidade. Isto é lógico, pois, se o homem está morto em pecado o que ele precisa para sair da situação na qual se encontra. Alguém disse:
O criador deve intervir misericordiosamente para salvar esses rebeldes, mesmo quando eles escorregam alegremente para a cova. Desde a eternidade, Deus desejou, decidiu, planejou, pretendeu e escolheu salvar alguns pecadores...Eleger é escolher, e eleição é, portanto, a escolha de Deus de quem será salvo. Se Deus não tivesse escolhido salvar alguns e não fizesse o que era necessário para salvá-los, ninguém seria salvo. (WRITH, 1998, p.129)

A Escritura é clara sobre a doutrina da eleição conforme lemos em João 15.16: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”
Outro texto é Atos 13.48: “Os gentios, ouvindo isto, regozijavam-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna.” Quem creu na mensagem pregada por Paulo? Os que haviam sido predestinados para a vida eterna. Mas um texto forte em favor da eleição e reprovação divinas é Romanos 9:11-15:
1 E ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), 12 já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. 13 Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. 14 Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! 15 Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.

III – EXPIAÇÃO LIMITADA OU SACRIFÍCIO PARTICULAR.

O que temos visto até o presente momento nos indica a seqüência lógica da soteriologia do Presbiterianismo histórico; um vez que o homem está morte em delitos e pecados, sendo totalmente depravado, Deus antes que fossem lançado os fundamentos do universo decidiu escolher que ele salvaria da massa humana caída no pecado; isto leva-nos para o questionamento: Então, Jesus Cristo não morreu para salvar cada pessoa deste mundo?
Nas igrejas evangélicas de nosso tempo predomina um ensinamento de que Cristo na cruz do calvário morreu para salvar toda a humanidade indiscriminadamente. Ou seja, a salvação segundo estes ensino estende-se a todos os homens de forma que a morte na Cruz tem efeito eficaz sobre todos os homens.
Mas, o ensino bíblico não é este. A Bíblia ensina que Jesus Cristo morreu para salvar apenas os eleitos de Deus, pois, apenas estes são os que hão de ser certamente salvos. A nossa confissão de fé nos declara isso:
Visto que Deus designou os eleitos para a glória assim ele, pelo seu eterno e mui livre propósito de sua vontade, preordenou todos os meios para se alcançar este propósito. Por conseguinte, aqueles que são eleitos, achando-se caídos em Adão, são redimidos por Cristo; ...nenhum outro é redimido, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo por Cristo, senão unicamente os eleitos (WESTMINSTER, cap. 3. seção: 6).

A Igreja Presbiteriana defende e crer que Deus enviou a Jesus Cristo para morrer unicamente pelos eleitos de Deus. Este é o ensino claro da Bíblia. Qual foi o propósito da morte de Cristo?
A) Salvar um grupo específico:

Mt.1.21 – “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” Tito 2.14 – “qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.” Cristo veio a este mundo com o objetivo de salvar os pecadores; e sabemos, que este objetivo foi alcançado Rm.5.8-10: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;” Efésios 2.15-16: “aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, 16 e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade.”

B) Cristo se sacrificou por este grupo específico: Efésios 5.25-26: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra,”

Diante disso levanta-se uma pergunta: estão todos homens inseridos nestes textos que lemos nas Escrituras? Todos os homens tem os dons apresentados nestas passagens concernete a salvação de pecadores?
A partir de todas essas evidências, o ensino da Bíblia é claro: o propósito da vinda de Cristo foi (e realmente cumpre tal propósito) trazer perdão ao homem, no tempo presente, e glória no porvir. Por tanto se Cristo morreu por todos os homens, então 1) Todos os homens estão agora livres do pecado, 2) e estão perdoados e serão glorificados, ou: 3) Cristo falhou em Seu propósito (OWEN, 1996, p.18).

Esta é a conseqüência lógica se advogarmos que Cristo morreu para salvar toda a raça humana na cruz do calvário. John Owen levanta uma objeção significativa para a crença em uma expiação universal:
Colocamos o assunto da seguinte maneira: Cristo sofreu 1) Pelo pecado de todos os homens, ou 2) pelos pecados de alguns homens, ou 3) por alguns pecados de todos os homens. Se a última afirmativa é verdadeira, então todos os homens ainda tem alguns pecados, e, portanto, ninguém pode ser redimido. Se a primeira afirmativa é verdadeira, então por que não estão todos os homens livres do pecado? Você poderá dizer: “por causa da incredulidade deles”. Mas eu pergunto: “A incredulidade é um pecado”? Se não é, então por que todos os homens são punidos por causa dela? Se é um pecado, então deve estar incluída entre os pecados pelos quais Cristo morreu. Portanto, a primeira afirmativa não pode ser verdadeira! Assim, é claro que a única possibilidade restante é que Cristo levou sobre si todos os pecados de alguns homens, os eleitos, somente. Creio que este é o ensino da Bíblia. (OWEN, 1996, p.20-21).

IV – GRAÇA IRRESISTÍVEL OU VOCAÇÃO EFICAZ.

No Presbiterianismo histórico no que respeita a salvação entende-se que se Cristo morreu apenas pelos eleitos de Deus, segue-se que apenas estes serão salvos, chamados e atraídos pelo Espírito Santo e pela graça de Deus no Evangelho.
A Confissão de Fé da nossa Igreja Presbiteriana diz:
Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito; tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transportando-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os corações de pedra e dando-lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça ( WESTMINSTER, Cap.10, seção 1)
A doutrina enunciada no sistema presbiteriano de redenção é que os homens uma vez alvos da morte expiatória de Cristo são alvos da graça irresistível de Deus pela sua Palavra e Espírito.
O termo graça irresistível é ambíguo. Os calvinistas todos crêem que os homens podem resistir à graça de Deus, e o fazem. A pergunta é: ‘pode a graça da regeneração falhar em cumprir seu propósito?’ Lembre-se que as pessoas espiritualmente mortas são ainda biologicamente vivas. Elas ainda têm uma vontade que não é inclinada para Deus. Elas farão tudo ao seu alcance para resistir à graça de Deus.(SPROUL,2002, p.86)

O homem sendo incapaz de vir por suas próprias forças a Cristo Deus, em sua graça, traz o homem até Cristo (João. 6.44). Note o verbo “trazer” no texto bíblico. “e`lku,sh” no grego tem o sentido de arrastar. Este mesmo verbo aparece em passagens que indica o emprego de força persuasiva como Tiago 2.6. Então, não significa um convite para se ir para a cadeia, mas é um arrastar para lá. Logo a vocação é a ação de Deus em trazer o pecador a Cristo.
Paulo fala desta mesma forma em Efésios 1.19: “E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder,” o coração dos pecadores são abertos pelo poder de Deus (Atos.16.14). As ovelhas de Cristo ouvem a sua voz e o segue (João 10.26-28) .
Sproul falando sobre João 6.44 diz que o “significado das palavras de Jesus é claro. Nenhum ser humano tem a possibilidade de poder vir a Cristo a menos que aconteça alguma coisa que torne possível que ele venha”(SPROUL, 2002,p.50) , esta condição é concedida pelo Pai apenas aos eleitos de Deus (João 6.65). É o Pai quem leva os pecadores até Cristo. Este é o ensino da Bíblia.
V – A PERSEVERANÇA DOS SANTOS.
O último ponto do Calvinismo e consequentemente do Presbiterianismo é que a salvação ela é eterna, uma vez que os homens estavam mergulhados no pecado, e Deus em sua graça os elegeu para serem alvos da redenção trazida por Cristo, sendo estes no tempo propício chamados eficazmente para a comunhão com Deus e com Cristo Pelo Espírito Santo; então, agora eles são preservados de cair total e finalmente da graça de Deus.
Neste aspecto a nossa Confissão de Fé ensina o seguinte: “Os que Deus aceitou em seu Filho amado, que ele chamou eficazmente e santificou pelo seu Espírito, não podem decair do estado da graça nem total, nem finalmente; mas, com toda certeza hão de perseverar nesse estado até o fim e serão eternamente salvos” (WESTMINSTER, Cap.17, seção 1)
A certeza da salvação é algo peculiar ao Presbiterianismo pois somos ensinados pela Escritura que a salvação é dom da graça de Deus (Ef.2.8). Os que não acreditam na segurança da salvação aceitam a noção de que a salvação pode ser perdida. Mas a doutrina da perseverança e segurança da salvação é assegurada pela Palavra de Deus em diversas passagens, vejamos algumas:
Philippians 1:6 6 Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.
John 10:27-29 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. 28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. 29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.
1 Peter 1:3-5 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 4 para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros 5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.
Hebrews 10:14 4 Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.
Romans 8:33-39 33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. 34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. 35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? 36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, 39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Conclusão: A Escritura é o nosso único fundamento, precisamos ressoar estas verdades mais uma vez em nossos púlpitos, pois, há uma necessidade de resgatarmos as bases sólidas de uma verdadeira doutrina da redenção; os motivos da salvação devem ser teocêntricos e não antropocêntricos .
Estas verdades redentoras devem nos conduzir à proclamação do evangelho de Cristo e gerar em nós amor pela almas perdidas que carecem ouvir a mensagem de redenção; temos consciência de que os homens estão mergulhados no pecado e que Deus planejou a salvação de uma multidão de eleitos que o número é como a areia do mar, mas também temos a ciência que o sucesso de nossa evangelização está no fato de que Cristo morreu por pessoas especificas, e que não é nosso argumento, teatro ou coisa afins que irá atrair os pecadores até Cristo, mas apenas Deus com a sua Palavra e seu Espírito. E uma vez o homem encontrado em Cristo ele está preservado e guardado no amor de Deus.



BIBLIOGRAFIA.
ANGLADA, Paulo, Calvinismo – As antigas Doutrinas da Graça. São Paulo: Editora os Puritanos, 2000.
KUIPER, R.B. Evangelização Teocêntrica. Tradutor: Odayr Olivetti . São Paulo: PES, 1974.
KUYPER, Abraham. Calvinismo. Tradutor: Ricardo Gouveia e Paulo Arantes. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
MACEDO, Aproniano Wilson de. Teologia de Missões. São Paulo: Cultura Cristã, 1998.
MURRAY, Iain H. Spurgeon versus Hipercalvinismo – A Batalha pela Pregação do Evangelho.São Paulo: PES.
OWEN, John. Por quem Cristo Morreu. Tradutora: Sylvia E. de Oliveira, São Paulo: PES, 1996.
PACKER, J.I..O “Antigo” Evangelho, São Paulo: Fiel, 1992.
PLANTINGA JR. Cornelius. Não era para ser assim – Um resumo da dinâmica e natureza do pecado, Tradutor: Wadislau Martins Gomes., São Paulo: Cultura Cristã, 1998.
SPROUL, R.C. Eleitos de Deus – o Retrato de um Deus amoroso que providencia salvação para os seres humanos caídos, Tradutor: Gilberto Carvalho Cury, São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
SPURGEON, Charles Handdon. Livre-Arbítrio - um escravo, São Paulo: PES.
WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida – Redenção para a Cultura pós-moderna, Tradutor:Héber Carlos de Campos., São Paulo: Cultura Cristã, 1998.


[1] Palestra proferida na 2aConferência Reformada na Igreja Presbiteriana em Ouro Preto – Olinda – PE. Tema Geral: Presbiterianismo – Doutrina e Identidade.Data desta Palestra: 19/10/2009.

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