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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Para poupar Dilma, Lula deve antecipar corte de gastos e medidas de ajuste fiscal

KENNEDY ALENCAR

DE BRASÍLIA

"Apesar de ter negado durante a campanha, Dilma e Lula já discutiram medidas de ajuste fiscal e até monetária."





O presidente Lula deverá antecipar medidas econômicas duras e impopulares para evitar que a sucessora, Dilma Rousseff, tenha de adotá-las no início de seu governo.

Amanhã e quinta-feira, as pastas da Fazenda e do Planejamento deverão finalizar estudos de medidas de ajuste que acham necessárias para o novo governo. O diagnóstico será transmitido à equipe de transição de Dilma.

A Folha apurou que Lula já se dispôs, se Dilma quiser, a implementar medidas duras. A ideia é aproveitar a alta popularidade de Lula para tomar decisões que possam ser desagradáveis a setores do funcionalismo público e da sociedade como um todo.

Apesar de ter negado durante a campanha, Dilma e Lula já discutiram medidas de ajuste fiscal e até monetária. Será um ajuste menor que o feito por Lula em 2003, quando havia uma situação econômica mais crítica.

Governo e a equipe de transição discutem a adoção de novas medidas para conter a valorização do real.

No segundo turno, assessores econômicos de Dilma consideraram "marginais" as ações do Ministério da Fazenda para reduzir a entrada de capital especulativo.

Uma das medidas que podem ser tomadas é a desonerações para compensar setores que estão sofrendo mais com a sobrevalorização do real em relação ao dólar.

Para evitar alta dos juros em 2011 para combater a inflação, a equipe econômica e assessores de Dilma avaliam que são necessárias medidas fiscais pontuais para reduzir o gasto público. Com juros menores, há também menor tendência de valorização do real em relação ao dólar.



REAJUSTE DO JUDICIÁRIO

Outra medida: Lula deverá negar o pedido do Judiciário para que seja concedido um reajuste de 56% ao funcionalismo público dessas categorias. Há projeto no Congresso tramitando nesse sentido.

O atual presidente pode assumir o desgaste de bancar um reajuste menor, concedendo a inflação no período.

Cálculos da equipe econômica mostram que o reajuste de 56% teria um impacto extra de R$ 7,2 bilhões ao ano na folha de pagamento do Judiciário e de R$ 800 milhões na do Ministério Público.

As medidas em análise se concentram na área fiscal. A intenção de Dilma é criar as condições para que os juros básicos da economia possam cair mais consistentemente durante o seu governo.

A Folha apurou que uma medida será reduzir a política de reajuste salarial para o funcionalismo público. Isso não significa que não haverá reajustes, mas que eles serão mais parcimoniosos no início do novo governo.

Lula também está disposto a negociar com o Congresso um Orçamento mais draconiano para 2011.

Criticado por ter estimulado gastos públicos em seus mandatos, Lula se despediria com medidas de austeridade, o que angariaria simpatia de setores conservadores, como o empresariado e o mercado financeiro.

A adoção de medidas econômicas duras não significará cortar verbas de programas sociais e de obras do PAC. Auxiliares dizem que Dilma aumentará aos poucos investimentos em saúde, educação e segurança.



SALÁRIO MÍNIMO

Pela lei, o governo tem de autorizar um novo salário mínimo para entrar em vigor em 1º de janeiro.

A ideia de Lula é negociar um valor com Dilma, deixando que ela fature politicamente um reajuste maior que os R$ 540 previstos pela atual equipe econômica.

Mas o governo não está disposto a aumentar o mínimo para R$ 600, como prometeu o candidato derrotado José Serra (PSDB-SP).

Como confirmou ontem um dos coordenadores da campanha de Dilma, o ex-ministro Antonio Palocci, há estudo para redução na meta de inflação. Hoje, o centro da meta é de 4,5%, com variação de dois pontos percentuais para cima e para baixo.

A ideia é fixar para 2012 uma meta na casa de 4%.



Fonte: Folha de S. Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Interessante que quase 20% dos brasileiros não votaram, o que pode indicar que estão orfãos politicamente falando.

Acho que está mais que na hora dos cristãos tomarem a frente, quem sabe, com iniciativas políticas concretas, e bíblicas. A criação de um partido político, por exemplo, seria loucura?

Do geito que está, acabamos apenas tentando escolher o 'pior dentre os piores', ou o 'menos abominável no clube dos abomináveis'. Precisamos fazer algo, e já!

Marcelo Lemos
Olhar Reformado, blog