RESENHA
Frank de Melo Penha
BONAR, Horatius A. Um Recado para Ganhadores de Almas. São Paulo: Vida Nova, 2007, 64 pp.
Esta obra se reveste de caráter relevante para nós a começar pelo fato de ser uma das obras de caráter reformado-confessional na área de vida cristã-ministerial, para se ter uma idéia da relevância desta obra, deve-se atentar para o fato que está havendo um renascimento da preocupação com a pregação expositiva, doutrinária em nossos dias, livros com teologia sadia tem começado a encher as prateleiras das livrarias novamente, tem se escrito sobre a importância da boa instrução na fé, sobre a importância da fidelidade à Palavra e aos símbolos de fé, em outras palavras um ressurgimento de uma preocupação com uma ortodoxia cristã reformada, coisas excelentes, porém o livro em questão, irá tratar e nos dar um alerta ao fato de que podemos ser ortodoxos mas ainda sim frios na fé, distantes da vida com Deus, aliar ortodoxia à piedade este é o desafio do livro, este é o nosso desafio.
Sobre o Autor, o Rev. Horatius A. Bonar, foi ministro presbiteriano na Escócia, nascido em Edimburgo, no dia 19 de dezembro de 1808, e falecido em 31 de julho de 1889, compôs vários hinos e foi moderador da Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana em solo Escocês, grande pregador engajado na obra de evangelização, um verdadeiro “ganhador de almas”(pg.7).
O livro abarca as principais diretrizes que no ponto de vista do autor são essenciais a um ministério de sucesso e de conformidade com a vontade de Deus, começando ao chamar atenção para o que delineia como pastores “mornos”, que seriam aqueles que embora fossem ortodoxos na doutrina não colocam em prática uma vida de “zelo, fé e amor”. Em contraponto a isso Bonar cita o exemplo de Richard Baxter como estereótipo positivo para nós hoje, afirma que as pessoas ao ouvi-lo sentiam-se em contato com as “realidades infinitas”. (pgs.10,11)
Ao falar sobre o objetivo maior do ministério o Rev. Bonar lança uma advertência : “aplausos, fama, popularidade, honra e riquezas – tudo isso é vão. Se não se ganha vidas, se os santos não amadurecem, nosso ministério é um fracasso”. (pgs.12,13)
O leitor deve ser precavido ao ler isoladamente certos trechos do livro como: “Não a igreja, mas Cristo. Não a doutrina, mas Cristo. Não as cerimônias, mas Cristo” (pg.14). Alguns tomando apressadamente as palavras de Bonar poderiam pensar ser ele averso a Instituição Igreja, ou mesmo a doutrina ou ser descuidado com a liturgia...Nada mais longe da verdade! O que vemos é a sua preocupação pastoral em que tais zelos, sejam sacramentais, litúrgicos ou doutrinários viessem a nos desviar do objetivo maior, podemos perceber isso em dois aspectos principalmente; o primeiro é a profunda admiração e fonte de exemplo que Bonar tira da vida dos Puritanos Ingleses do Séc. XVII ao citar homens como John Owen, Richard Baxter, entre outros, homens estes que ”respiravam” Bíblia mas eram atentos aos seus deveres na vida pessoal e ministerial, em segundo lugar vemos o apego a sã doutrina de Deus contida na Palavra com seu alerta contra o escolasticismo protestante já em voga em seus dias ao afirmar: “devemos empunhar a verdade de Deus...contra as teorias do homem (orgulhosamente chamadas de opiniões)” (pg.15).
O Autor prossegue afirmando que “ser um verdadeiro pastor é ser um verdadeiro Cristão” discorrendo da importância dos exercícios devocionais no ministério, seja através da oração logo cedo, do culto familiar, da meditação na Palavra, pois “o cuidado com sua alma deve ser o primeiro e o maior que você deve ter “ (pg.18).
Interessante é a colocação do autor em admoestar aos pastores de não pensar no ministério apenas no sentido quantitativo, ou seja, quantos sermões eu preguei, quantos sacramentos ministrei, quantos batismo realizei, mas questionar-se se as vidas daqueles que foram batizados foram realmente libertadas do pecado, trasnformadas em novas criaturas (pg.25,26). Muitas vezes na opinião do autor podemos descansar na soberania de Deus, empregando jargões sobre “usar os meios e deixar os resultados para Deus”, para implicitamente escondermos nossas mazelas, falta de renúncia e outros pecados sobre um manto de uma verdade (pgs.29-31).
A parte sem dúvida mais impactante do livro de Bonar é sem hesitação quando ele descortina os pecados que atacam de forma específica o ministério pastoral e em última análise qualquer liderança cristã em atividade, quais sejam : tendência a auto-justificação (pg.35), ser amante mais dos prazeres deste mundo do que de Deus (pg.37), sermos por demais auto-confiantes (pg.38), sermos amargos com os oponentes ao invés de tentar ganhá-los (pg.39) e por último deixar de fazer um auto-exame, pois através dele refletimos o quanto somos ”infiéis”(pg.41), temos um padrão de vida mundano (pg.43) sendo assim, “egoístas, preguiçosos e frios na fé” (pgs.44-46), evitando afirmar a verdade quando ela é necessária (pg.46), ou mesmo pregando apenas para nos auto-promover (pg.47), deixando assim de usar os meios de graça ao nosso dispor através da pouca busca tanto da Palavra de Deus quanto do poder do Espírito (pgs.49-51), obviamente estes fatores citados acima levam Bonar a uma frase de profundo sentido: “Quão distantes estamos dos Apóstolos , e mais ainda de Cristo, caminhamos longe até dos servos, e mais ainda do Mestre” (pg.52).
O autor conclui seu livro dando alguns conselhos sobre o que é avivamento e os elementos que fazem parte de um verdadeiro avivamento bíblico, entre eles citamos a constância em imitar a Cristo, a prontidão ao trabalho, a meditação na Palavra e mais tempo a oração, o autor dá sugestões de como colocar estes elementos em prática (pgs.55,56), finalizando com uma exortação ao serviço cristão, tendo por base o versículo bíblico ao afirmar “devemos trabalhar enquanto é dia, a noite vem quando ninguém mais poderá trabalhar”.(pg.64)
Como dito anteriormente é um livro desafiador, aquele que se aventura em suas páginas deve ter a ciência que será perscrutado em suas intenções ministeriais, suas atitudes para consigo mesmo, para com a igreja e para com o Senhor, sem dúvida um livro de grande valia hoje para o contexto brasileiro do Século XXI mesmo tendo sido escrito no século XVIII, visto que as mesmas mazelas encontradas no livro de Bonar, são encontradas hoje em nosso país, em nossa cidade e até mesmo em nossas igrejas locais. Conselhos seguros e bíblicos em ultima analise é o que espera o leitor que ansioso encontrará neste pequeno livro pois certeza é, que colocadas em prática segundo a vontade de Deus, será um ganhador de almas, a começar pela sua própria.
Soli Deo Gloria
3 comentários:
Parabéns pelo belo trabalho no blog. Já estou seguindo!
Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog, e se desejar segui-lo, será uma honra.
Seus comentários também serão muito bem-vindos.
Te espero lá!
www.hermesfernandes.blogspot.com
Estamos lá irmão
;)
nenhuma igreja salva só jesus cristo,não foi João Calvin que morreu na cruz!!!
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