Fora do círculo apostólico, difícil é achar um homem de maior estatura que Agostinho. Bispo, místico, santo, pregador, administrador, estudioso, teólogo, polemista, filósofo, historiador, epistolário, comentador, mestre e autor. Entre seus muitos livros, talvez estes 3 sejam os livros mais importantes; A Cidade de Deus, As Confissões, Sobre a Doutrina Cristã (Todos existem em português). É o pai do misticismo medieval, o monaquismo e o escolasticismo. dominou a teologia da Idade Média como autoridade maior. Calvino disse que poderia ter escrito a teologia dele dos livros de Agostinho. Além de intelectual, foi também místico. Confissões, orações e adoração faziam parte do seu regime diário. ‘E considerado o fundador da filosofia moderna porque lutou com conceitos como: o eu cônscio, a personalidade, o tempo, a história, o livre arbítrio, a verdade subjetiva. Por sua vez Agostinho foi muito influenciado por Platão.
1.A Odisséia Intelectual de Agostinho
Antes de tornar-se cristão (354-386), foi acordado para o amor à filosofia pela leitura de Hortesius de Cícero. Este livro trouxe 2 aspectos polares ao pensamento de Agostinho: a idéia de Deus como fonte do ser e da inteligência, e a idéia da alma como uma natureza espiritual que pode achar sua realização em Deus. Em Cartago, Agostinho se tornou adepto do maniqueismo,e embora ele talvez não passou de "ouvinte"durante os 9 anos (dos 19 aos 28 anos) que era ligado à heresia. Foi fascinado durante muito anos pela astrologia embora não tenha chegado a praticar adivinhação. após esfriar sua simpatia para com o maniqueismo, Agostinho passou pelo ceticismo e pelas especulações neoplatônicas.
Converteu-se aos 32 anos sob a pregação de Ambrósio de Milão. Tornou-se apologético e usou seus dons intelectuais e espirituais para combater as filosofias que outrora havia seguido. Negou o conceito maniqueu de que há uma união do bem e do mal na alma humana. Contra o ceticismo achou inegável que o homem possui pelo menos uma parte da verdade. Insiste contra os neoplatônicos de que há salvação em Jesus Cristo.
Da conversão ao episcopado, (386-396). Escreveu 3 livros em 6 meses para se preparar para o batismo: Contra os Acadêmicos; Vida Alegre e Providência Divina. Ao morrer seu filho Adeodatus em 389 escreveu A vera Religião, o Professor, e Música. Foi consagrado sacerdote em 391 e bispo em 395, ambos em Hipona.
Seu episcopado, (396-430). Iniciou suas Confissões em 397 e terminou-as em 399. Iniciou-se seu longo conflito com os donatistas em 398; e em 412 com os pelagianos. Mesmo rejeitando o donatismo, Agostinho adotou a hermenêutica de Ticônio, um dos seus líderes. Em seus últimos anos Agostinho se dedicou ao problema da relação entre a soberania divina e a responsabilidade humana. Graça de Cristo e o Pecado Original (418), A Predestinação dos Santos e o Dom da Perseverança (429)
A controvérsia donatista foi sobre a santidade da Igreja. Os donatistas estavam preocupados principalmente com questões de disciplina. Não podiam separa o caráter apóstata do bispo e do valor dos atos litúrgicos celebrados por ele. Assim o caráter imoral ou indigno do oficiante destruia a santidade e assim o efeito divino do sacramento. Agostinho rejeitou a ligação donatista entre a santidade da Igreja e a santidade empírica do clero. Escreveu 7 livros sobre batismo contra os donatistas, bem como 3 outros para responder 2 cartas de Petiliano. No fim Agostinho se ajuntou aos que usariam a força para trazer os donatistas de volta ao arraial católico.
A controvérsia contra o pelagianismo. Também ocupou bastante a vida de Agostinho, usou 3 volumes na coleção de seus ensinos. O monge Pelágio acusou Agostinho de heresia. O Problema focalizado foi o da relação entre o poder divino para salvar e a vontade humana para responder ao poder salvador. Agostinho admitia alguma liberdade humana, mas insistia que tanto o poder salvador como a resposta humana vem de Deus. O ensino de Pelágio era que Adão foi criado mortal. Ele teria morrido mesmo sem a queda. O pecado de Adão feriu apenas Adão. Cada um nasce inocente, mas de fato cai no pecado. Assim que haviam homens sem pecado antes de Cristo. Para Pelágio, ao nascer a criança tem vida eterna, mesmo sem o batismo. Perde-a ao praticar pecado concreto ao chegar à idade da razão (perto dos 7 anos). O batismo não regenera. O mal, por sua vez, é comunicado pelo mau exemplo dos homens. Assim tanto Adão como Cristo influenciam a raça. Assim que a graça é necessária para redimir do pecado. Deus dá a regeneração bem como a habilidade de agir. A lei tem o efeito de trazer os perdidos a Cristo.
O ensino de Agostinho. Para ele, o pecado de Adão é transmitido a todos os homens pela semente humana, rm:5:12. também ensina que Adão foi nosso representante. distinguiu entre "voluntas"(vontade com capacidade de agir) e "velleitas"(desejo sem liberdade para agir). Os eleitos tem "voluntas"; os perdidos "velleitas. A graça que liberta o homem é preveniente e irresistível. Não há em Agostinho o conceito de dupla predestinaçào. Rejeita o dualismo maniqueu. O mal é ausência do bem. A criação tende a voltar ao não-ser donde surgiu.
Desde o seu retiro a Cassiciacum para se preparar para o batismo, Agostinho viveu nas Escrituras. Acima de tudo era um estudante da Bíblia. Todos os seus sermões tem por base as Escrituras: ou o texto do calendário ou outro por ele escolhido. Seu vocabulário e estilo são permeados com a maneira antiga e rude das antigas traduções latinas da Bíblia. Começou com a interpretação alegórica de Ambrósio (a Bíblia falava do mundo das idéias eternas). Mas o estudo o levou a ser preocupado com os eventos históricos. A sua interpretação continua influenciando os teólogos de hoje.
Recomendamos a Leitura de: Gonzales, Justo. A Era dos Gigantes p.162-182
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