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domingo, 22 de fevereiro de 2015

Exposição de 1ª Coríntos 1.1-3

Série de Exposições Bíblicas:
Livro Estudado: 1ª Coríntios
Texto: 1ª Coríntios 1.1-3.
Expositor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução: Hoje nós começaremos uma série de exposições bíblicas na Primeira carta aos Coríntios. Esta carta tem sido estuda ao longo dos séculos e parece-nos que na atualidade ela tem sido aplicada de modo errado à igreja atual. Esta epístola é eminente doutrinária, prática e exortativa  -  estes são elementos crucias para a igreja de nosso tempo. Ou autor desta carta traça o perfil da doutrina da igreja primitiva, confronta a prática desta igreja que está em desarmonia com a verdade do evangelho, mas ao mesmo tempo exorta a igreja à vida de piedade e santidade neste mundo.
Elucidação:
            Vamos esclarecer o contexto desta carta para compreendermos a sua mensagem. Isto se faz necessário porque estamos distantes do público original a quem esta carta foi dirigida.
A Cidade:
            Corinto era uma cidade muito rica, era uma cidade comercial, com mais de 500.000 habitantes, na maioria deles eram escravos; tinha uma ótima localização, era portuária; e havia uma transição muito grande de pessoas de toda parte do mundo, tal circulação a cidade se “achava dominada pelos vícios com os quais as cidades comerciais geralmente são infestadas, ou seja, a luxúria,  a arrogância, a vaidade, os prazeres, a cobiça insaciável, o egoísmo desenfreado”(CALVINO, 2003, p.16).
            A riqueza escandalosa de uma minoria estava ao lado da miséria de muitos. Surgiu, inclusive,  uma expressão: “viver  à moda de Corinto” , que significava viver no luxo e na orgia.
A Igreja:
            Esta era uma igreja jovem foi fundada na chamada segunda viagem missionária de Paulo  conforme nos relata Lucas em Atos 18.1-18. Paulo desmotivado a continuar o trabalho evangelístico naquela cidade, recebe uma visão do Senhor que o estimular dizendo para que ele permanecesse pregando o evangelho porque havia muitos eleitos na cidade; o apóstolo permaneceu ali por um ano e seis meses e se viu forçado a sair da cidade por causa dos judeus que perpetravam contra a sua pregação, então o apóstolo seguiu para a Síria.
A data e escrita da carta:
            A carta foi escrita provavelmente de Éfeso no ano de 55.
Exposição:
            Paulo inicia sua carta de forma muito comum como faz nas outras cartas de sua lavra,. Ele diz “Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, (1Co 1:1 ARA)” . O santo apóstolo começa desta forma para revindicar a sua autoridade como mensageiro de Cristo Jesus. Três verdades nós aprendemos aqui:
1. Aqueles que devem ser mestres na Igreja de Deus precisam ser chamados:
            O apóstolo Paulo nos ensina na abertura de sua carta que todos aqueles que desejam ser ministros da Palavra ou mensageiros de Cristo  devem acima de tudo receber o chamado de Deus para isso, o termo grego usado aqui “κλητὸς ”[kletos] envolve  um chamado específico de Deus para realizar uma tarefa especifica de Deus.
2. A segunda verdade é que estes chamados por Deus devem ser fiéis no exercício do seu comissionamento:
            Notemos que Paulo diz que é “chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo” ele é chamado para ser apóstolo no texto grego “ἀπόστολος ” (apostolos) tem um duplo sentido, pode se referir a função de mensageiro ou mesmo a função específica de ser um arauto do Cristo ressurreto; Paulo pretende o segundo sentido aqui. Ser um arauto de Cristo, ele foi chamado para proclamar a Cristo Jesus e deve fazê-lo de modo zeloso e fiel.
3. É um ministério outorgado pela vontade de Deus.
            Aqui somos ensinados que ninguém pode tomar para si a honra de ser um proclamador do evangelho sem que para isso seja designado pela vontade de Deus. Calvino nos alerta para isso quando comenta: “Visto que ninguém pode, por direito, assumir para si a designação e condição de ministro, a não ser que o mesmo seja chamado, assim não é suficiente que uma pessoa  seja chamada, se também não cumprir os deveres do seu oficio”.
            Ao dizer que era pela vontade de Deus que havia sido designado apóstolo de Jesus Cristo. Estava estabelecendo dois fatos importantes: primeiro, que estava sendo obediente a voz de Cristo ao transmitir o Evangelho; bem como, procurando estabelecer de modo suficiente a sua autoridade, pois, havia pessoas naquela igreja que estavam duvidando do ministério apostólico de Paulo.
            Nesta saudação Paulo inclui o nome de uma personagem “e o irmão Sóstenes,” Este era o líder da Sinagoga Judaica que havia se convertido à fé cristã (Atos 18.17); Paulo o menciona aqui para que a igreja o tenha  em alta consideração, pois, era evidente que era um homem firme no evangelho de Cristo; todavia, ele é tratado na carta com a maior honra deste mundo o de ser irmão na fé do apóstolo Paulo.
II – IGREJA DE DEUS (VS.2-3)
à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. (1Co 1:2-3 ARA)
            Paulo atribui à igreja que estava naquela cidade o seguinte título: Igreja de Deus. Quando nós consideramos aquilo que o apóstolo sabe da igreja; pois, era uma igreja partidarista ( Eu sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas...) ainda havia imoralidade terrível (Capíutlo 5), demandas judiciais entre eles (Capítulo 6), problemas familiares (cap. 7) questão sobre comer carne sacrificada (capítulo 8), não exerciam o cuidado com os seus pastores (cap.9) e por ai vai.
            Alguém poderia perguntar: como Pode Paulo chamar um igreja assim de Igreja de Deus.? Paulo não os chama com o intuito de agradá-los, mas relembra que Deus mesmo havia destinado e salvado um povo pela eleição da graça nesta cidade conforme lemos em Atos 18.9.
            Esta passagem nos traz um alerta porque muitas vezes achamos que podemos achar uma igreja sem mancha, sem mácula, e tendemos a negar o título de igreja de Deus as igrejas que fogem de nossas aspirações e preconceitos. Paulo diz que a despeito de haver tantas coisas negativas naquela igreja, ela continuava sendo a Igreja de Deus por viu no seu seio a doutrina  do evangelho bem como os sinais e selos do pacto da graça (Batismo e Ceia) estavam presentes na igreja; eles precisavam ser exortados a viver como igreja de Deus, como Paulo faz isso? Apresentando            qualidades essenciais à vida cristã:
1. A Santidade de vida:
 “aos santificados em Cristo Jesus” – os verdadeiros membros da igreja  são exortados a compreenderem que são “santificados em Cristo”, separados do mundo de pecado e consagrados para Deus. Ou seja, ninguém que tem santidade de vida pode-se considerar um cristão e nem membro da igreja de Deus. Aqueles que desejam ser povo de Deus devem imediatamente buscar a prática piedosa da santidade de vida.
Lembremos que a palavra santificação significa separação total com o mundo e assim viver de modo digno do evangelho de Cristo Jesus. O apóstolo para evitar mal entendimentos nos mostra que esta santidade é “em Jesus Cristo”. Deus nos vê como santos diante ele em Cristo Jesus
2. Vocação para a  santidade.
chamados para ser santos,” – Vocação da igreja não foi para que ela fosse mundana ou vivesse na prática do mundanismo, mas  ela é  chamada para a santidade de vida. Sabendo que esta santidade é fruto da vocação divina e provocada por ela, pois, somente pelo chamado de Deus o homem pode ser santo.
3.  A prática da Adoração.
            A terceira qualidade dos membros da Igreja de Deus é o fato de que eles são chamados à santidade com o objetivo de invocarem a Deus. “com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. O verbo “invocar” é “ἐπικαλουμένοις ”(epikalouménois) em seu sentido ativo a palavra é usada para indicar que as pessoas envolvidas pertencem ao que é invocado; no seu sentido passivo aponta para a ideia de “chamar”, Paulo diz que a igreja de Corinto é chamada de santa e santificada como igreja de Deus para junto com todas as igrejas espalhadas pelo mundo à invocar o nome do Senhor Jesus Cristo como um ato de adoração. “A invocação é um dos  principais  exercícios da fé” (CALVINO, 2003, p.33)
            A Invocação aqui neste texto tem o sentido de plena profissão de fé em Cristo, e isto se revela por meio do culto, pois, “a invocação é uma das primeiras evidências do Culto divino”(CALVINO, Idem). Esta adoração está fundamentada na doutrina do senhorio de Cristo.  Aqui Paulo mostra que a Igreja de Deus tem um Senhor, que não é apenas senhor de uma pequena porção da Igreja, mas de toda a igreja espalhada na face da terra.
4. Viver em Comunhão { vs 3}:
A quarta qualidade da Igreja de Deus é que ela deve viver em comunhão no verso três nós lemos:  “graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
            Esta saudação usual que Paulo criara para encabeçar todas as suas cartas refletem temas teológicos importantes, e o principal deles é a comunhão. Paulo deseja que a “Graça” uma saudação tipicamente dos gregos assume um caráter teológico profundo que pode indicar todas as bênçãos que a igreja tem por receber ou já recebeu das mãos de Deus, bem como favor imerecido; o apóstolo une esta saudação tipicamente grega com a saudação dos judeus “Paz” que reproduz o termo “shalom” apontado para ideia de plenitude de satisfação, de bondade, indicando um desejo de que haja tranquilidade mesmo no meio do conflito.
            Paulo ao usar esta expressão demonstra que tem um forte interesse de combater  a desarmonia que havia dentro da Igreja de Deus. Ao mesmo tempo revela que esta Graça e esta paz procedem de uma fonte segura: do Pai e do Filho. Ou seja, é desejo do Deus triúno que a Igreja viva plenamente a comunhão. Judeus e Gentios deveriam viver harmoniosamente na Igreja, vivendo assim, para a glória de Deus!
            Conclusão: A igreja é a família de Deus a despeito de todas as suas falhas, todos os seus erros, ela deve ser encarada e tratada como a Igreja de Deus. Diante disto o que podemos aprender e aplicar as nossas vidas?
1. Que tudo o que somos é por causa da vontade de Deus: Nada do que temos ou possuirmos é fruto de nosso esforço, mas tudo procede da vontade de Deus.
2. Que ministério pastoral é destinado aquém foi vocacionado para exercê-lo.

3.Que apesar da igreja tem muitas falhas ela tem qualidades ímpares: Ela deve ser santa em sua prática de vida; deve demonstrar sua vocação em santidade prática; e ainda, é composta de adoradores que procuram promover a comunhão entre os santos.

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