SÃO RAIMUNDO NONATO E A RELIGIÃO PROTESTANTE
Reverendo. João Ricardo Ferreira de França
Introdução:
Há algum tempo temos
avaliado a real situação do protestantismo dentro da Cidade de São Raimundo
Nonato; é curioso notar um fato de que para boa parte dos chamados acatólicos
[os que não são católicos romanos] consideram-se protestantes. E para muitos
católicos praticantes também há uma gama de protestante nesta cidade.
Dentro
deste pensamento pensa-se que há de fato um crescimento maciço do
protestantismo, todavia, percebemos que boa parte dos que se dizem estar
alinhados com a Reforma Protestante, nem sequer conhece as doutrinas
fundamentais da dita Reforma.
Surpreende-nos
o fato de que muitos não conhecem as doutrinas como: Sola Scriptura, Sala Fide, Sola Gratia, Solus Christus e Soli Deo
Gloria. Estes lemas ecoaram pela Europa e Novo Mundo como bandeiras
designativas do protestantismo histórico; mas hoje, os chamados crentes
conhecem apenas a luta pela fé, a fé que move montanhas e até mesmo praticam e
ensinam coisas que nunca pertenceu a Reforma Protestante.
I – O que é ser Protestante?
Para
esclarecer exatamente o que tem havido
na Cidade de São Raimundo e em muitos lugares do Brasil é compreender o termo;
alguém há muito tempo já disse:
Tem sido freqüentemente observado que se os filósofos
e os teólogos se importassem em definir seus termos no começo de uma discussão,
a maioria de seus debates seria desnecessária. É certamente verdade que
precisamos ter um entendimento claro daquilo em que as pessoas crêem e o que
elas querem dizer com os termos que
usam, antes de adquirirmos qualquer direito de discordar. É também e verdade
que se o significado de uma palavra muda no curso do debate ou durante a
apresentação do argumento, então, o debate repentinamente muda par lago
diferente, e a validade do argumento é destruída. Portanto, temos o direito de
pedir não somente que os termos-chaves sejam claramente definidos desde o
começo, mas que também novos significados não entrem sorrateiramente em meio a
uma exposição.[1]
Então,
o grande desafio que temos diante de nós é tornar de modo claro o que significa
o termo protestante. Agora nos cabe um alerta que é bem lembrado pelo Reverendo
Valter Graciano Martins ao fazer um contraste entre o Catolicismo Romano e ser
Protestante, ele dizem:
O fato de ser ‘católico’ não diz nada; é algo vazio em
matéria de Cristianismo; não passa de uma palavra isolada e sem conteúdo. Ela
carece de substantivação. Dá-se o mesmo com o evangélico que, por ventura,
diga: “Eu sou protestante!”, como uma designação isolada. Embora ‘protestante’
seja um termo de grande importância histórica, isoladamente não significada
nada aos olhos de Deus. é preciso ser cristão
evangélico, bíblico, consciente, conhecedor dos fundamentos da “fé que uma
vez dada aos santos”.[2]
Parece-nos
ser este o caso da atual situação em nossa cidade, pois, os ditos “evangélicos”
denominam-se protestantes, mas não se alinham a Reforma e nem aos padrões
bíblicos para efetivamente manifestar a verdade do Evangelho de Cristo Jesus.
É
curioso abordamos este tópico porque o termo evangélico, por exemplo, em nossos
dias refere-se a alguém que não é particularmente alinhado a alguma denominação
especifica ou algum credo definido. John
H. Gerstner traz uma informação importante sobe o que significa o
evangelicalismo:
A palavra evangelicalismo deriva do grego euangellismos. O evangelho é as boas
novas ou verdade, e através do Novo Testamento designa a mensagem da salvação.
Paulo não se envergonha deste evangelho porque é ‘o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego’(Romanos
1.16). Porque esta era a mensagem, a
mensagem indispensável da salvação, o apóstolo pronunciou uma maldição de Deus
sobre todo aquele que pregasse um outro evangelho, mesmo que fosse ele mesmo ou
um anjo vindo do céu (Gálatas 1.8).[3]
Ou
seja, o termo evangélico sempre fora usado para descrever e apontar o conteúdo
da fé e não um status religioso como se tem em nossos dias. Kevin Redd adiciona
uma informação importante sobre este termo, ele diz que “durante a reforma o termo identificava aqueles que aderiram à
proclamação do evangelho feita pelos reformadores: isto é, o termo referido aos
Protestantes.”[4]
Seguindo
esta definição e o uso do termo conforme temos visto, então, podemos chegar à
conclusão que o evangelicalismo presente em nossa cidade não é de perto
“evangélico”. Alguém poderá dizer: Por quê?
O Kevin Redd sumariza isso para nós de forma clara, ao dizer:
[...] a teologia da reforma era baseada no evangelho
da soberana graça de Deus na salvação dos pecadores. A humanidade está morta em
seus delitos: os homens carregam a culpa do pecado e são dominados pelo poder
do pecado; eles são totalmente incapazes de contribuírem para a sua própria
libertação tanto da culpa quanto do
poder do pecado. A justificação vem pela graça, baseada nos méritos de Cristo
somente e recebida pela fé somente. A santificação segue-se à justificação como
um processo distinto, mas relacionado, através do qual o pecador redimido
cresce progressivamente na prática da piedade.
Como a doutrina da reforma é
simplesmente uma afirmação do evangelho bíblico; e como o evangelicalismo contemporâneo em
geral rejeita esta doutrina da graça soberana; então pode se concluir que o
evangelicalismo moderno não é evangélico de
fato, de acordo com o uso histórico do termo.[5]
Esta
avaliação é tão verdadeira que se perguntássemos aos ditos “evangélicos” que se
acham “protestantes” em São Raimundo Nonato sobre as principais doutrinas ou
mesmo confissões de fé elaboradas na Reforma Protestante perceberia no rosto da
grande maioria um ar de interrogação.
II – O QUE CRER UM PROTESTANTE?
O segundo aspecto que
precisamos considerar é a questão da crença, pois, em nossos dias os
evangélicos falam em partilhar sua experiência que teve com Jesus, e assim, o
evangelho vai se diluindo em puramente algo subjetivo, sem ter alguma
objetividade de crenças e de corpo doutrinário.
Então,
não é apenas compreender que o termo “protestante” não se aplica mais aos
“evangélicos” modernos, mas também é necessário compreender o que um
protestante realmente crer. Em linhas gerais podemos dizer que os protestantes
históricos acreditam de forma clara e peculiar nas chamadas Antigas Doutrinas da Graça. O que é um
assunto completamente desconhecido dos ditos “evangélicos” aqui de São Raimundo
Nonato.
Os protestantes sempre defenderam a
soberania divina
de forma intensa. Todavia, os “evangélicos” aqui nesta cidade são completamente
ignorantes [desconhecedores] da teologia cristã, não lêem a Bíblia, não
conhecem história da Igreja e nem as doutrinas da Reforma. Alguém acertadamente
declarou o seguinte:
Os evangélicos de hoje não olham muito para a Bíblia,
para o principio da Sola Scriputra da
Reforma Protestante, para as “idéias” de como apresentar o evangelho ao mundo
incrédulo. Ao invés disso, eles olham para a grande variedade de psicologias,
filosofias e espiritualidades seculares a fim de encontrar pontos de contatos.
O evangelho deles não é mais o evangelho teologicamente articulado de 400 anos
atrás. Hoje ele é uma combinação sincretista de metodologias seculares e
linguagem bíblica superficial apontada para “as necessidades sentidas”, antes
do que para os pecadores presos ao inferno. Podemos realmente imaginar o
apóstolo Paulo insistindo para que o evangelho fosse tão maciamente pregado?
Paulo ensinou que o poder do evangelho está localizado na pregação da Palavra
de Deus, não na sua capacidade de absorver a cultura popular.[6]
Este
é o cenário atual das coisas no campo da religião. Então, precisamos apresentar
de forma simples e clara o que os Protestantes sempre acreditaram e ensinam de
fato. O designativo aplicado para o conjunto de doutrinas que os Protestantes
crêem chama-se: Fé Reformada [ Teologia da Reforma Protestante]. Estas doutrinas recebem ênfase nas igrejas
oriundas da Reforma Protestante e que ainda permanecem fiéis a estes ensinos.
Aquilo
que um protestante acredita muda todo o sistema de vida [ sua cosmovisão]
peculiarmente estabelecida. Ou seja, ele passa a vê o mundo que lhe cerca
apartir de sua compreensão do evangelho e aplica esta concepção em cada campo
da sua vida. Mas, que doutrinas são essas? O que peculiarmente os que são
verdadeiramente protestantes ensinam de fato de
verdade?
Os
protestantes reformados acreditam naquilo que é chamado de Calvinismo. E o que este termo descreve? “O Calvinismo, como o nome indica, é o sistema de teologia elaborado
pelo mais articulado e profundo dentre os reformadores, João Calvino.”[7] É bom lembrar que o “Calvinismo não é somente um conjunto de
doutrinas, mas inclui concepções especificas a respeito de culto, da liturgia,
do ministério, da evangelização e do governo da igreja”.[8] Não apenas dentro destes
campos, pois, este sistema pode se classificado, nas palavras de Abraham Kuyper,
“um sistema de vida”[9] que confronta os sistema
doutrinário do arminianismo – tão presente em nossa cidade nas ditas igrejas
evangélicas, o quadro abaixo ajuda a ilustrar isso:
OS "CINCO PONTOS" DO ARMINIANISMO[10]
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OS "CINCO PONTOS" DO CALVINISMO
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1. Livre Arbítrio ou Capacidade Humana
Embora
a natureza humana tenha sido seriamente afetada pela queda, o homem não foi
deixado numa condição de abandono espiritual. Deus capacita graciosamente
cada pecador a arrepender-se e crer, mas Ele não interfere na liberdade
humana. Cada pecador possui livre arbítrio, e seu destino eterno depende de
como ele o utiliza. A liberdade do homem consiste em sua capacidade de
escolher o bem ao invés do mal no que se refere aos assuntos espirituais; sua
vontade não é escrava de sua natureza pecadora. O pecador tem o poder de ou
cooperar com o Espírito de Deus e ser regenerado ou resistir à graça de Deus
e perecer. O pecador perdido necessita da assistência do Espírito, mas ele
não tem de ser regenerado pelo Espírito antes que possa crer, pois a fé é um
ato do homem e precede no novo nascimento. A Fé é presente que o pecador dá
para Deus; é a contribuição do homem para a salvação.
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1. Incapacidade Total ou Total Depravação
Por
causa da queda, o homem é incapaz por si mesmo de crer no evangelho para a
sua salvação. O pecador está morto, surdo e cego para as coisas de Deus; seu
coração é injusto e desesperadamente corrupto. Sua vontade não é livre, está
unida à sua natureza má, portanto ele não será - na realidade ele não pode -
escolher o bem ao invés do mal, no aspecto espiritual. Consequentemente, é
necessário mais que a assistência do Espírito Santo para trazer um pecador
até Cristo - é necessária regeneração, pela qual o Espírito Santo faz com que
o pecador viva e dá-lhe uma nova natureza. Fé não é algo com que o homem
contribui para a salvação, mas em si mesma é parte do dom de Deus para a
salvação - é dádiva de Deus para o pecador, não um presente do pecador para
Deus.
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2. Eleição Condicional
A
escolha de Deus de certos indivíduos para a salvação antes da fundação do
mundo foi baseada na sua visão antecipada de que eles poderiam responder à
sua chamada. Ele selecionou somente aqueles que Ele sabia que creriam
livremente no Evangelho. Eleição, portanto foi determinada por ou condicionada
ao que o homem faria. A fé que Deus anteviu e na qual Ele baseou a Sua
escolha não foi dada ao pecador por Deus (ela não foi criada pelo poder
regenerador do Espírito Santo), mas resultou somente da vontade do homem. Ela
foi deixada totalmente à escolha do homem, quanto à em quem crer; e, portanto
quanto a quem deveria ser eleito para a salvação. Deus escolheu aqueles que
Ele sabia, através da sua própria vontade, que escolheriam a Cristo. Assim, o
pecador escolhendo a Cristo; e não Cristo escolhendo o pecador é em última
instância causa da salvação.
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2. Eleição Incondicional
O
fato de Deus escolher - antes da fundação do mundo - certos indivíduos para a
salvação, repousa somente sobre a Sua soberana vontade. Sua escolha, de
certos pecadores em particular, não foi baseada em nenhuma resposta ou
obediência da parte deles, tal como fé, arrependimento e etc. Ao contrário,
Deus concede a fé e o arrependimento a cada indivíduo a quem Ele escolhe.
Tais atos são os resultados, não a causa da escolha de Deus. A eleição,
portanto não foi determinada ou condicionada por nenhuma qualidade virtuosa
ou ato antevisto do homem. Àqueles a quem Deus soberanamente elegeu Ele traz
através do poder do Espírito Santo a uma pronta aceitação de Cristo. Assim a
escolha de Deus quanto ao pecador, é em última instância a causa da salvação.
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3. Redenção Universal ou Expiação Geral
A obra redentora de Cristo possibilitou a cada um ser
salvo, mas na realidade não assegurou a salvação de ninguém. Embora Cristo
morresse por todos, somente aqueles que crêem nEle estão salvos. A Sua morte
possibilitou a Deus perdoar os pecadores na condição de que eles cressem, mas
na realidade não colocou à parte o pecado de ninguém. A Redenção de Cristo se
torna efetiva somente se o homem escolher aceitá-la.
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3. Redenção Pessoal ou Expiação Limitada
A
obra redentora de Cristo foi intencionada para salvar os eleitos somente; e
realmente assegurou a sua salvação. Sua morte foi um pagamento substitutivo
das faltas do pecado no lugar de certos pecadores
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O Espírito Santo chama "internamente" a todos
aqueles que são chamados "externamente" pelo convite do Evangelho;
Ele faz tudo o quanto Ele pode para trazer cada pecador à salvação. Mas tanto
quanto o homem é livre, ele pode resistir com sucesso à chamada do Espírito
Santo. O Espírito Santo não pode regenerar o pecador até que este creia; a fé
(que é a contribuição do homem) precede e faz possível o novo nascimento.
Assim, o livre arbítrio do homem limita o Espírito Santo na aplicação, na
efetivação da obra salvadora de Cristo. O Espírito Santo somente pode trazer
até Cristo aqueles que permitam que Ele possa vir até eles. Até que o pecador
responda, o Espírito não pode dar a vida. A graça de Deus, portanto, não é
invencível. Ela pode, e muitas encontram resistência por parte do homem; e é
relegada por ele.
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Adicionalmente à expansiva e
geral chamada à salvação, que é feita a todos que ouvem a palavra do
Evangelho, o Espírito Santo estende aos eleitos um convite especial que
inevitavelmente os traz à salvação. O convite eterno (que é feito a todos sem
distinção) pode ser, e invariavelmente o é, rejeitado; enquanto sempre
resulte em conversão. Por intermédio deste convite especial, o Espírito Santo
irrestivelmente traz os pecadores até Cristo. Ele não é limitado na Sua obra
de aplicar a salvação à vontade do homem, nem é ele dependente da cooperação
do homem para o Seu sucesso. O Espírito graciosamente faz com que o pecador
eleito coopere, arrependa-se e venha pronta e livremente a Cristo. Graça de
Deus. Portanto, é invencível, nunca falha na salvação daqueles que foram
eleitos.
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5. Caindo da Graça
Embora o pecador tenha exercido
fé, crido em Cristo e nascido de novo para crescer na santificação, ele
poderá cair da graça. Só quem perseverar até o fim é que será salvo.
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5. Perseverança dos Santos
Todos
aqueles que são escolhidos por Deus, redimidos por Cristo, e a quem a fé foi
dada pelo Espírito Santo estão salvos eternamente. Eles são mantidos na fé
pelo poder de Deus Onipotente e assim perseverarão até o fim.
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De Acordo com o Arminianismo:
A
Salvação é conseguida através dos esforços conjuntos de Deus (que toma a iniciativa)
e do homem (que deve corresponder) Deus providenciou a salvação para todos,
mas as suas provisões vêm a ser efetivas somente para aqueles que, através de
seu livre arbítrio, "escolher" e "decidir" cooperar com
Ele e aceitar a Sua Graça. Neste ponto crucial, a vontade do homem tem uma
parte decisiva; assim o homem, não Deus, determina quem será o recipiente do
dom da salvação.
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De Acordo com o Calvinismo:
A
Salvação acontece através do poder supremo do Deus Triúno. O Pai escolhe um
povo, o Filho morreu por eles, o Espírito Santo faz com que a morte de Cristo
seja efetiva em trazer os eleitos à fé e ao arrependimento, destarte fazendo
com que eles prontamente obedeçam ao Evangelho. Todo o processo (eleição,
redenção e regeneração) é a obra de Deus e ocorre somente através da sua
graça. Assim Deus, não o homem, determina quem será o recipiente do dom da
salvação.
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REJEITADA
pelo Sínodo de Dort
Este
foi o sistema constante da "Remonstrância" (embora os "cinco
pontos" não estivessem originalmente assim ordenados). Foi submetido
pelos Arminianos à Igreja da Holanda para adoção em 1610, mas foi rejeitado
pelo Sínodo de Dort em 1619, nas bases de que não era Bíblico.
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Este
sistema teológico foi reafirmado pelo Sínodo de Dort em 1619 como a doutrina
da salvação contida nas Sagradas Escrituras. O sistema foi à época formulada
em “cinco pontos” (em resposta aos “cinco pontos” submetidos pelos
Arminianos) e desde então tem sido conhecido como "os cinco pontos do
Calvinismo".
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III – A TEOLOGIA PROTESTANTE EM SÃO RAIMUNDO NONATO.
Alguns dos leitores deste
artigo poderão pensar que estamos sendo pessimistas de mais sobre a avaliação a
respeito dos evangélicos desta cidade. Na verdade diríamos que a nossa
avaliação parte da concepção que vemos a respeito deste tema; questionamos,
será que as Igrejas Evangélicas de São Raimundo Nonato possuem uma compreensão
destas questões essenciais da fé cristã?
Na
verdade não existe uma teologia protestante na cidade de São Raimundo Nonato, o
que existe é um semi-pelagianismo ou
arminianismo. Que na verdade é a mesma doutrina ensinada pela Igreja
Católica Romana. Onde os crentes defendem o chamado livre-arbítrio negando
assim, a total depravação do homem; e ainda, sustentam que Deus toma a
iniciativa depois da escolha do homem – negando assim, a soberania absoluta de
Deus.
Isso
é demonstrado em nossa cidade apartir da prática, anti-bíblica do sistema de
apelo. Parecem que os crentes nunca leram Efésios 2.1 – “ele vos deu vida
estando vós mortos nos vossos delitos e pecados”. Como pode um morto escolher a
salvação? A velha pergunta que se faz depois do sermão: “quem quer aceitar
Jesus?” nos inclina a perguntar: Será que a Bíblia e o ensino de Cristo
autorizam esta prática? Os crentes de nossa cidade parecem que nunca leram a
declaração de Cristo: “Não foi vós que escolhestes a mim, pelo contrário eu
escolhi a vós...”( João 15.16)?
Avaliando
estas concepções podemos seguramente declarar que as Igrejas Evangélicas da
Cidade de São Raimundo em sua maioria não é protestantes! E estão longe de ser;
isto porque não acreditam nas doutrinas fundamentais da Reforma. Por exemplo,
as igrejas evangélicas desta cidade não acreditam na doutrina da suficiência das Escrituras Sagradas, visto
que mais de noventa e nove por centos destas igrejas acreditam em novas
revelações, línguas, profecias e visões.
Eles
também não acreditam no Sola Gratia [
somente a graça ] isto é demonstrado pelos grandes esforços que estas igrejas
empreendem para tornar o cristão em alguém que deve se manter na graça para não
perder a salvação; a ideia, é que o tipo de roupa, o tipo de música e o tipo de
lugares que se freqüentam podem impedir que os crentes podem chegar ao céu. O
somente a graça não faz parte da prática os evangélicos daqui.
Outra
doutrina rejeitada pelos evangélicos de São Raimundo Nonato é certamente o Sola Fide – somente a fé. Esta doutrina
designa a concepção protestante de que o homem é justificado [aceito como justo
diante de Deus] unicamente pela fé. Fé esta não prevista, não infusa, mas como
um dom gracioso de Deus ao pecador eleito. A igreja evangélica de nossa cidade
ensina que o homem é salvo por meio de sua obediência e que para isso precisa
seguir os ditames eclesiásticos [ em outras palavras é a teologia Católica Romana
da justificação pelas obras ].
Mas,
outra doutrina que notoriamente rejeitada pela igreja evangélica em São
Raimundo Nonato é o Solus Christus –
somente Cristo. Pois, ele invalidam o sacrifício de Cristo quando condicionam a
salvação aos usos e costumes das igrejas locais: como a proibição do uso do
batom, do uso de calças compridas para as mulheres e de bermudas para os homens
dizendo que podem perder a salvação.
E,
o último conceito teológico que os evangélicos de São Raimundo Nonato rejeitam
é o Soli Deo Glória que consiste em afirmar que a salvação do
começo ao fim é uma obra de Deus; por isso, a ele pertence toda a glória na
vida e redenção dos pecadores e nada provém de nós.
[1] WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida – Redenção para a cultura
pós-moderna. Tradução: Heber Carlos de Campos. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 1998, p. 47.
[2]
MARTINS, Valter Graciano In: COLLET, Carlos H. Inovações do Romanismo. São Paulo: Editora Parakletos, 2001, p. 8.
[3] GERSTNER, John H. “The Theological Boundaries of Evangelical
Faith”, In: The Evangelicals: What
They Believe, Who They Are, Where They Are Changing. Abigdon:
Nashville, 1975, p.22.
[4]
REDD, Kevin. Fazendo a Fé Naufragar –
Evangélicos e Católicos Juntos. Tradução: Adriana Gomes. São Paulo: Editora
Os Puritanos, 2002, p.80
[5]
REDD, Kevin. Fazendo a Fé Naufragar –
Evangélicos e Católicos Juntos. Tradução: Adriana Gomes. São Paulo:
Editora Os Puritanos, 2002, p.80-81.
[6] WRIGHT, R.K. Mc Gregor. A Soberania Banida – Redenção para a cultura
pós-moderna. Tradução: Heber Carlos de Campos. São Paulo: Editora Cultura
Cristã, 1998, p. 14.
[7] NASCIMENTO,
Adão Carlos.; MATOS, Alderi Souza de. O
que todo Presbiteriano Inteligente deve Saber. São Paulo: Editora Socep,
2007, p. 12.
[8]
Idem
[9] KUYPER,
Abraham. Calvinismo. Tradução:
Ricardo Goveia e Ricardo Arantes. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002,
p.20.
[10]
BOETTNER, Loraine, Os cinco pontos do Calvinismo versus os cinco pontos do
arminianismo, disponível no site: www.monergismo.com.
acessado em: 17/04/10 ,
às 15h22 .
[11] Este sínodo foi reunido nos anos de
1618-1619 na Holanda na cidade de Dort para definir as proposições do ensino
protestante contra os Arminianos formulando em cinco pontos o que um
protestante Reformado Crer.
6 comentários:
Prezado Rev.João e demais irmãos:
Gostei da postagem e todos sabem que o "negócio" está feio em todo o Brasil e não só em Raimundo Nonato. De fato, dizer-se evangélico ou "protestante" hoje em dia não significa muita coisa. As vezes é até melhor não dizer, devido o proceder vergonhoso de muitos "crentes".
Porém, devemos ter muito cuidado para não tratar irmãos, eleitos de Deus, que apenas não conhecem os preceitos basilares da fé reformada, como incrédulos ou répobros.
Não conhecer não significa dizer, necessariamente, que não é eleito e servo sincero de Deus.
Tudo de bom!
Prezados ,
A coisa tá feia mesmo,teve um pastor assembleiano que disse que preferiria ser ateu,do que ser calvinista.
Quem quiser ler, visite o blog:"supremacia das escrituras"nos comentários de um artígo chamado;"respondendo ao calvinismo"
Pb. Fábio a onde em minha postagem eu disse que eles eram reprobos? Em qual lugar? Seus pré-julgamente me ofende!!! Escrevi observando que infelizmente o arminianismo é romanismo disfarçado. E que se o que eles pregam podem ser chamado de evangelho da graça libertadora, então, precisamos ser ecumênicos e concordar com o arminianismo como uma verdade religiosa válida [ o que certamente contradiz as Escrituras Sacras] e simplesmente dizer que estão certos, a froxidão teólogica de nossas igrejas fundamentam-se nessa pseudo tolerância.
interessante que no seu estudo de caso você praticamente não menciona a Bíblia, fazendo referências apenas aos pesquisadore calvinistas ... onde você pensa chegar, assim? O calvinismo faz de Calvino seu próprio deus: coisa que Calvino jamais aceitaria se estivesse vivo!
A Paz de Cristo, que bela iniciativa em nos presentear com esta maravilhosa postagem.
Edificante para nós que estamos direcionados a evangelizar o mundo.
A propósito, caso ainda não esteja seguindo o meu blog deixo aqui o convite:
http://frutodoespirito9.blogspot.com/
Em Cristo,
***Lucy***
P.S. visite também o blog do irmão Araújo Jorge
http://discipulodecristo7.blogspot.com/
Temas bíblicos atuais e mensagens abençoadoras.
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