Série de Exposições Bíblicas:
Livro Estudado: 1ª Coríntios
Texto: 1ª Coríntios 1.1-3.
Expositor: Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução: Hoje nós começaremos uma
série de exposições bíblicas na Primeira carta aos Coríntios. Esta carta tem
sido estuda ao longo dos séculos e parece-nos que na atualidade ela tem sido
aplicada de modo errado à igreja atual. Esta epístola é eminente doutrinária,
prática e exortativa - estes são elementos crucias para a igreja de
nosso tempo. Ou autor desta carta traça o perfil da doutrina da igreja
primitiva, confronta a prática desta igreja que está em desarmonia com a
verdade do evangelho, mas ao mesmo tempo exorta a igreja à vida de piedade e
santidade neste mundo.
Elucidação:
Vamos
esclarecer o contexto desta carta para compreendermos a sua mensagem. Isto se
faz necessário porque estamos distantes do público original a quem esta carta
foi dirigida.
A Cidade:
Corinto era uma cidade muito rica,
era uma cidade comercial, com mais de 500.000 habitantes, na maioria deles eram
escravos; tinha uma ótima localização, era portuária; e havia uma transição
muito grande de pessoas de toda parte do mundo, tal circulação a cidade se
“achava dominada pelos vícios com os quais as cidades comerciais geralmente são
infestadas, ou seja, a luxúria, a
arrogância, a vaidade, os prazeres, a cobiça insaciável, o egoísmo
desenfreado”(CALVINO, 2003, p.16).
A
riqueza escandalosa de uma minoria estava ao lado da miséria de muitos. Surgiu,
inclusive, uma expressão: “viver à moda de Corinto” , que significava viver no
luxo e na orgia.
A Igreja:
Esta
era uma igreja jovem foi fundada na chamada segunda viagem missionária de
Paulo conforme nos relata Lucas em Atos
18.1-18. Paulo desmotivado a continuar o trabalho evangelístico naquela cidade,
recebe uma visão do Senhor que o estimular dizendo para que ele permanecesse
pregando o evangelho porque havia muitos eleitos na cidade; o apóstolo
permaneceu ali por um ano e seis meses e se viu forçado a sair da cidade por
causa dos judeus que perpetravam contra a sua pregação, então o apóstolo seguiu
para a Síria.
A data e escrita da carta:
A carta foi escrita provavelmente de
Éfeso no ano de 55.
Exposição:
Paulo
inicia sua carta de forma muito comum como faz nas outras cartas de sua lavra,.
Ele diz “Paulo, chamado pela vontade de
Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, (1Co 1:1 ARA)” . O santo
apóstolo começa desta forma para revindicar a sua autoridade como mensageiro de Cristo Jesus. Três
verdades nós aprendemos aqui:
1. Aqueles que devem ser mestres na Igreja de Deus precisam ser chamados:
O
apóstolo Paulo nos ensina na abertura de sua carta que todos aqueles que
desejam ser ministros da Palavra ou mensageiros
de Cristo devem acima de tudo
receber o chamado de Deus para isso, o termo grego usado aqui “κλητὸς ”[kletos] envolve um chamado específico de Deus para realizar
uma tarefa especifica de Deus.
2. A segunda verdade é que estes chamados por Deus devem ser fiéis no
exercício do seu comissionamento:
Notemos
que Paulo diz que é “chamado pela vontade
de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo” ele é chamado para ser apóstolo no texto grego “ἀπόστολος
” (apostolos) tem um duplo sentido, pode se referir a função de
mensageiro ou mesmo a função específica de ser um arauto do Cristo ressurreto;
Paulo pretende o segundo sentido aqui. Ser um arauto de Cristo, ele foi chamado
para proclamar a Cristo Jesus e deve fazê-lo de modo zeloso e fiel.
3. É um ministério outorgado pela vontade de Deus.
Aqui
somos ensinados que ninguém pode tomar para si a honra de ser um proclamador do
evangelho sem que para isso seja designado pela
vontade de Deus. Calvino nos alerta para isso quando comenta: “Visto que
ninguém pode, por direito, assumir para si a designação e condição de ministro,
a não ser que o mesmo seja chamado, assim não é suficiente que uma pessoa seja chamada, se também não cumprir os
deveres do seu oficio”.
Ao
dizer que era pela vontade de Deus que havia sido designado apóstolo de Jesus Cristo. Estava
estabelecendo dois fatos importantes: primeiro, que estava sendo obediente a
voz de Cristo ao transmitir o Evangelho; bem como, procurando estabelecer de
modo suficiente a sua autoridade, pois, havia pessoas naquela igreja que
estavam duvidando do ministério apostólico de Paulo.
Nesta
saudação Paulo inclui o nome de uma personagem “e o irmão Sóstenes,” Este era o líder da Sinagoga Judaica que havia
se convertido à fé cristã (Atos 18.17); Paulo o menciona aqui para que a igreja
o tenha em alta consideração, pois, era
evidente que era um homem firme no evangelho de Cristo; todavia, ele é tratado
na carta com a maior honra deste mundo o de ser irmão na fé do apóstolo Paulo.
II – IGREJA DE DEUS (VS.2-3)
à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus,
chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de
nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso: graça a vós outros e paz, da
parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. (1Co 1:2-3 ARA)
Paulo
atribui à igreja que estava naquela cidade o seguinte título: Igreja de Deus. Quando nós consideramos
aquilo que o apóstolo sabe da igreja; pois, era uma igreja partidarista ( Eu
sou de Paulo, eu de Apolo, eu de Cefas...) ainda havia imoralidade terrível
(Capíutlo 5), demandas judiciais entre eles (Capítulo 6), problemas familiares
(cap. 7) questão sobre comer carne sacrificada (capítulo 8), não exerciam o
cuidado com os seus pastores (cap.9) e por ai vai.
Alguém
poderia perguntar: como Pode Paulo chamar um igreja assim de Igreja de Deus.?
Paulo não os chama com o intuito de agradá-los, mas relembra que Deus mesmo
havia destinado e salvado um povo pela eleição da graça nesta cidade conforme
lemos em Atos 18.9.
Esta
passagem nos traz um alerta porque muitas vezes achamos que podemos achar uma
igreja sem mancha, sem mácula, e tendemos a negar o título de igreja de Deus as
igrejas que fogem de nossas aspirações e preconceitos. Paulo diz que a despeito
de haver tantas coisas negativas naquela igreja, ela continuava sendo a Igreja
de Deus por viu no seu seio a doutrina
do evangelho bem como os sinais e selos do pacto da graça (Batismo e
Ceia) estavam presentes na igreja; eles precisavam ser exortados a viver como
igreja de Deus, como Paulo faz isso? Apresentando qualidades essenciais à vida cristã:
1. A Santidade de vida:
“aos santificados
em Cristo Jesus” – os verdadeiros membros da igreja são exortados a compreenderem que são
“santificados em Cristo”, separados do mundo de pecado e consagrados para Deus.
Ou seja, ninguém que tem santidade de vida pode-se considerar um cristão e nem
membro da igreja de Deus. Aqueles que desejam ser povo de Deus devem
imediatamente buscar a prática piedosa da santidade de vida.
Lembremos que a palavra
santificação significa separação total com o mundo e assim viver de modo digno
do evangelho de Cristo Jesus. O apóstolo para evitar mal entendimentos nos
mostra que esta santidade é “em Jesus
Cristo”. Deus nos vê como santos diante ele em Cristo Jesus
2. Vocação para a santidade.
“chamados para ser santos,” – Vocação da
igreja não foi para que ela fosse mundana ou vivesse na prática do mundanismo,
mas ela é chamada para a santidade de vida. Sabendo que
esta santidade é fruto da vocação divina e provocada por ela, pois, somente
pelo chamado de Deus o homem pode ser santo.
3.
A prática da Adoração.
A terceira qualidade dos membros da
Igreja de Deus é o fato de que eles são chamados à santidade com o objetivo de
invocarem a Deus. “com todos os que em
todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. O verbo “invocar”
é “ἐπικαλουμένοις ”(epikalouménois)
em seu sentido ativo a palavra é usada para indicar que as pessoas envolvidas
pertencem ao que é invocado; no seu sentido passivo aponta para a ideia de
“chamar”, Paulo diz que a igreja de Corinto é chamada de santa e santificada
como igreja de Deus para junto com todas as igrejas espalhadas pelo mundo à
invocar o nome do Senhor Jesus Cristo como um ato de adoração. “A invocação é
um dos principais exercícios da fé” (CALVINO, 2003, p.33)
A
Invocação aqui neste texto tem o sentido de plena profissão de fé em Cristo, e
isto se revela por meio do culto, pois, “a invocação é uma das primeiras
evidências do Culto divino”(CALVINO, Idem). Esta adoração está fundamentada na
doutrina do senhorio de Cristo. Aqui
Paulo mostra que a Igreja de Deus tem um Senhor, que não é apenas senhor de uma
pequena porção da Igreja, mas de toda a igreja espalhada na face da terra.
4. Viver em Comunhão { vs 3}:
A quarta qualidade da
Igreja de Deus é que ela deve viver em comunhão no verso três nós lemos: “graça
a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.”
Esta
saudação usual que Paulo criara para encabeçar todas as suas cartas refletem
temas teológicos importantes, e o principal deles é a comunhão. Paulo deseja
que a “Graça” uma saudação tipicamente dos gregos assume um caráter teológico
profundo que pode indicar todas as bênçãos que a igreja tem por receber ou já
recebeu das mãos de Deus, bem como favor imerecido; o apóstolo une esta
saudação tipicamente grega com a saudação dos judeus “Paz” que reproduz o termo “shalom” apontado para ideia de plenitude
de satisfação, de bondade, indicando um desejo de que haja tranquilidade mesmo
no meio do conflito.
Paulo
ao usar esta expressão demonstra que tem um forte interesse de combater a desarmonia que havia dentro da Igreja de
Deus. Ao mesmo tempo revela que esta Graça e esta paz procedem de uma fonte
segura: do Pai e do Filho. Ou seja, é desejo do Deus triúno que a Igreja viva
plenamente a comunhão. Judeus e Gentios deveriam viver harmoniosamente na
Igreja, vivendo assim, para a glória de Deus!
Conclusão:
A igreja é a família de Deus a despeito de todas as suas falhas, todos os seus
erros, ela deve ser encarada e tratada como a Igreja de Deus. Diante disto o
que podemos aprender e aplicar as nossas vidas?
1. Que tudo o que somos é por causa
da vontade de Deus: Nada do que temos ou possuirmos é fruto de nosso esforço,
mas tudo procede da vontade de Deus.
2. Que ministério pastoral é
destinado aquém foi vocacionado para exercê-lo.
3.Que apesar da igreja tem muitas
falhas ela tem qualidades ímpares: Ela deve ser santa em sua prática de vida;
deve demonstrar sua vocação em santidade prática; e ainda, é composta de adoradores
que procuram promover a comunhão entre os santos.
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